O Leão Enamorado 

Laércio José Pacola - 2012

INTRODUÇÃO

As fábulas ou parábolas são narrações alegóricas cujas personagens são, em regra, animais, e que encerram lição moral.

Os animais têm sido tema de muitos escritores, durante séculos. ESOPO foi um fabulista grego, escravo, nascido ao redor de 600 a.C., que utilizava em suas fábulas os bichos com os quais simboliza os homens, com uma moral no fim. O objetivo destas fábulas era o de orientar o povo de como viver de forma prática. As fábulas de ESOPO foram compiladas por FEDRO (30 A. D.) e por JEAM DE LA FONTAINE (1621 AD).

ARISTÓFANES (445 a 386 a.C) escreveu uma comédia na qual a cidade era habitada somente por aves. JONATHAN SWIFT (1726), em sua obra "AS VIAGENS DE GULLIVER", fez seu herói GULLIVER chegasse a um lugar onde os cavalos, inteligentes e capazes de falar, governavam e faziam dos homens criaturas ignorantes, seus escravos.

PIERRE BOULLE (Século XX), escreveu "O PLANETA DOS MACACOS", que foi transformado em filme de grande êxito. O escritor inglês GEORGE ORWELL em seu livro- "A REVOLUÇÃO DOS BICHOS" (1945), recorre aos bichos para retratar as fraquezas humanas e demolir o "paraíso comunista" proposto pela Rússia, na época de Stalin.

Segundo BARBARA DE CARVALHO (1970), as fábulas de LA FONTAINE são armas satíricas: críticas de caráter e de costumes, em que os animais retratam os vícios e as maldades do homem. Este tipo de fábula não é indicado para crianças. Os animais são utilizados como símbolo da má conduta humana.

WALT DISNEY criou a fábula moderna, indicada para crianças. MONTEIRO LOBATO em suas fábulas, adaptadas de Esopo, cria uma forma mais humana e própria as crianças.

A EDITORA BLOCH (1972) na obra "OS ANIMAIS" publicou as fábulas de LA FONTAINE, nas quais aparecem somente os bichos como protagonistas. A EDITORA BLOC publicou "ANTOLOGIA DE CONTOS BRASILEIROS DE BICHOS". Pela internet foram consultados os seguintes sites:

www.metaforas.com;

sitededicas.ne10.uol.com.br/FAB.htm.

As ilustrações de algumas fábulas foram copiadas do site www.metaforas.com.

As referências bibliográficas citadas serviram de base para esta compilação. Neste livro procurou-se reunir e resumir 150 fábulas nas quais 80 animais diferentes são utilizados, de forma simbólica. Nesta coletânea os animais mais citados foram: raposa 29 vezes, leão 25, lobo 22, burro 19, rato 14, cão 14, águia 12, galo e gato 12, rãs 12, cavalo 11, cabra 10.

ÍNDICE

A REVOLTA DOS ANIMAIS (Revolução dos Bichos)............................ 12

O MORCEGO E AS DONINHAS.......................................................... 13

A NOVILHA, A CABRA, A OVELHA E O LEÃO...................................... 13

O RATO DA CIDADE E O RATO DO CAMPO........................................ 14

O GALO E A PÉROLA........................................................................ 14

A LEBRE E A TARTARUGA................................................................. 15

AS ORELHAS DA LEBRE..................................................................... 15

O LEÃO E O MOSQUITO................................................................... 16

O GATO E A RAPOSA....................................................................... 16

O LEÃO, O MACACO E OS BURROS................................................... 17

O MACACO E GOLFINHO................................................................. 17

A CORTE DO LEÃO........................................................................... 19

A RAPOSA E OS OUTROS ANIMAIS................................................... 19

O GATO A DONINHA E O COELHO.................................................... 20

O GATO E O RATO........................................................................... 20

O LEÃO, O LOBO E A RAPOSA........................................................... 21

O LOBO E A CEGONHA..................................................................... 21

A GRALHA DISFARÇADA COM PENAS DE PAVÃO.............................. 22

A MOSCA E A FORMIGA.................................................................. 22

O CORVO QUE QUIS IMITAR A ÁGUIA.............................................. 23

O LEÃO........................................................................................... 23

O LOBO E A RAPOSA........................................................................ 24

A CIGARRA E A FORMIGA................................................................ 25

A RÃ QUE QUIS SER GRANDE COMO O BOI....................................... 25

O RAPOSO DE CAUDA CORTADA...................................................... 27

A LIGA DOS RATOS.......................................................................... 27

OS DOIS BURROS............................................................................. 29

O LOBO E O CORDEIRO.................................................................... 30

A RAPOSA E A CEGONHA................................................................. 31

O CAVALO QUE QUIS VINGAR-SE DO CERVO.................................... 32

O VEADO E A VINHA........................................................................ 33

O CORVO E A RAPOSA..................................................................... 33

O LEÃO E O JUMENTO VÃO À CAÇA................................................. 34

A DONINHA NA DESPENSA.............................................................. 35

O LOBO QUE SE FEZ PASTOR............................................................ 35

OS LOBOS E AS OVELHAS................................................................. 36

O LEÃO VELHO................................................................................ 36

O LEÃO ENAMORADO..................................................................... 38

O BURRO E O CÃOZINHO................................................................. 38

A LEBRE E A PERDIZ.......................................................................... 40

O LOBO E O CÃO.............................................................................. 40

A ASSEMBLÉIA DOS RATOS.............................................................. 42

A ANDORINHA E OS PASSARINHOS.................................................. 42

OS ANIMAIS PERANTE JÚPITER........................................................ 44

OS ZANGÕES E AS ABELHAS............................................................. 45

O PROCESSO DO LOBO CONTRA A RAPOSA...................................... 45

OS DOIS TOUROS E AS RÃS.............................................................. 47

A CADELA E SUA AMIGA.................................................................. 47

O GALO E A RAPOSA........................................................................ 49

O RAPOSO E O BODE....................................................................... 51

O CISNE E O COZINHEIRO................................................................. 51

O PAVÃO QUEIXANDO-SE A JUNO................................................... 53

O GATO E O RATO VELHO................................................................ 54

O LOBO, A CABRA E O CABRITO........................................................ 54

PORCO FAZ RUSSOS BRIGAREM....................................................... 55

OS ANIMAIS E AS LENDAS................................................................ 56

A POMBA E A FORMIGA.................................................................. 56

A LEBRE E AS RÃS............................................................................. 57

O PEIXINHO E O PESCADOR............................................................. 58

O LEÃO VAI A GUERRA.................................................................... 58

A GUERRA ENTRE OS RATOS E AS DONINHAS................................... 59

O CAVALO E O LOBO........................................................................ 60

O JAVALI E A RAPOSA...................................................................... 60

O LAVRADOR E A CEGONHA............................................................ 61

AS DUAS CABRAS............................................................................ 62

A RAPOSA, O OURIÇO, AS RÃS E AS ABELHAS................................... 62

A LENDA DO URSO.......................................................................... 63

O REI DOS BUGIOS E DOIS HOMENS................................................. 64

O RATO E A RÃ................................................................................ 65

O LADRÃO E O CÃO DE CASA............................................................ 65

O CÃO E A OVELHA.......................................................................... 66

O CÃO E A CARNE............................................................................ 66

A MOSCA SOBRE A CARRETA........................................................... 67

O CÃO E A IMAGEM DE HOMEM...................................................... 67

O HOMEM E A DONINHA................................................................. 67

A BUGIA E A RAPOSA...................................................................... 68

O HOMEM E A COBRA..................................................................... 68

O ASNO E O LEÃO............................................................................ 69

A ÁGUIA E A RAPOSA...................................................................... 69

O BEZERRO E O LAVRADOR.............................................................. 70

A ÁGUIA E A COREIXA..................................................................... 70

AS RÃS E JÚPITER............................................................................ 71

AS POMBAS E O FALCÃO................................................................. 71

O GALGO VELHO E SEU AMO........................................................... 72

O CERVO, O LOBO E A OVELHA......................................................... 72

AS AVES E O MORCEGO................................................................... 73

O CAVALO E O ASNO....................................................................... 73

O FALCÃO E O ROUXINOL................................................................ 74

O ASNO E O MERCADOR.................................................................. 74

O PASTOR E O LOBO........................................................................ 75

O LEÃO E O RATO............................................................................ 75

O PORCO E O LOBO......................................................................... 76

O VELHO E A MOSCA....................................................................... 76

O CORDEIRO E O LOBO.................................................................... 77

O HOMEM POBRE E A COBRA.......................................................... 77

O ASNO E O LEÃO............................................................................ 77

A GRALHA E A OVELHA.................................................................... 78

O BOI E O VEADO............................................................................ 78

O HOMEM E O LEÃO........................................................................ 79

O LOBO E A RAPOSA........................................................................ 79

Prejudicar os outros pode custar caro.............................................. 80

O LEÃO E OUTROS ANIMAIS............................................................ 80

O VEADO E O CAÇADOR................................................................... 80

A BICHA E A LIMA............................................................................ 81

OS CARNEIROS E O CARNICEIRO...................................................... 81

O LOBO E O ASNO DOENTE.............................................................. 82

A PULGA E O CAMELO..................................................................... 82

O CAÇADOR E AS AVES.................................................................... 83

O BUITRE E MAIS PÁSSAROS............................................................ 83

A RAPOSA E O LEÃO........................................................................ 84

O CARNEIRO GRANDE E OS PEQUENOS............................................ 84

O LEÃO E O HOMEM........................................................................ 85

O CÃO E O SEU DONO...................................................................... 85

A RAPOSA E O LEÃO........................................................................ 86

O LOBO ESFAIMADO....................................................................... 86

AS DUAS RÃS.................................................................................. 87

O CAÇADOR E A REDE...................................................................... 87

LOBO MORDIDO PELO CÃO.............................................................. 88

A RAPOSA E O CACHO DE UVA......................................................... 88

O HOMEM QUE FOI MORDIDO POR UM CÃO................................... 89

O HOMEM E O PORCO..................................................................... 89

QUEIXUMES DO PORCO.................................................................. 90

A BORBOLETA................................................................................. 92

A ÁGUIA E O PARDAL...................................................................... 93

A ÁGUIA DOURADA........................................................................ 95

A ARANHA...................................................................................... 96

A CABRA E O ASNO.......................................................................... 97

A COBRA E O VAGALUME................................................................ 97

A CABRA E O ASNO.............................................................................

A CORUJA E A ÁGUIA...................................................................... 98

A ESCOLA DOS ANIMAIS.................................................................. 99

A FORMIGA E A POMBA................................................................ 100

A GALINHA.................................................................................... 101

A LIÇÃO DA BORBOLETA................................................................ 102

A MARIPOSA E A ESTRELA.............................................................. 103

A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO........................................... 105

A OSTRA........................................................................................ 108

A OSTRA E A PÉROLA..................................................................... 109

A RAPOSA E O LENHADOR.............................................................. 110

A SERPENTE................................................................................... 111

A TARTARUGA TAGARELA.............................................................. 112

A TESE DO COELHO........................................................................ 114

A TRILHA DO BEZERRO................................................................... 116

AS DUAS MOSCAS......................................................................... 117

EM BUSCA DO BOI......................................................................... 118

HISTÓRIA DA LAGARTINHA............................................................ 119

O AVÔ E OS LOBOS........................................................................ 120

O CAMUNDONGO MEDROSO........................................................ 121

O CÃO RAIVOSO............................................................................ 122

O CARNEIRINHO PERDIDO............................................................. 123

O CAVALINHO............................................................................... 125

O CORVO COBIÇOSO..................................................................... 126

O DESPERTAR DA ÁGUIA................................................................ 127

O ELEFANTE ACORRENTADO.......................................................... 129

O GALO DE BRIGA E A ÁGUIA......................................................... 129

O GATO PROFESSOR...................................................................... 130

O GATO ZEN.................................................................................. 131

O LEÃO.......................................................................................... 135

O LEÃO E OS TRÊS TOUROS............................................................ 136

O LOBO E A GARÇA........................................................................ 137

O LOBO E A OVELHA...................................................................... 137

O LOBO, O LEÃO E A RAPOSA......................................................... 138

O PÁSSARO INDIANO.................................................................... 139

O PASTOR E O ASNO...................................................................... 140

O PÊLO DO LEÃO............................................................................ 141

O PEQUENO PEIXE......................................................................... 143

O REI E O FALCÃO.......................................................................... 144

O ROUXINOL E A ROSA.................................................................. 146

O SAPO......................................................................................... 148

O URSO FAMINTO......................................................................... 148

O VEADO DOENTE......................................................................... 149

PORCOS-ESPINHOS....................................................................... 150

QUAL É O ANIMAL?....................................................................... 151

UM CACHORRINHO ESPECIAL........................................................ 152

O GATO VAIDOSO......................................................................... 154

A GALINHA RUIVA......................................................................... 155

A ÁGUIA E A SETA.......................................................................... 156

A GRALHA VAIDOSA...................................................................... 157

A OVELHA NEGRA.......................................................................... 157

A RAPOSA E A MÁSCARA............................................................... 159

A RAPOSA E O LEÃO....................................................................... 159

A ROSA E A BORBOLETA................................................................. 160

AS LEBRES, AS RAPOSAS E AS ÁGUIAS............................................ 161

O BURRO E SEU CONDUTOR........................................................... 161

O BURRO QUE VESTIU A PELE DE UM LEÃO..................................... 162

O CANGURU QUE SALTAVA PARA TRÁS......................................... 164

O CARACOL INVEJOSO................................................................... 165

O CASTOR DESPORTISTA................................................................ 166

O CAVALO DESCONTENTE.............................................................. 167

O COALA SUJO.............................................................................. 169

O GAROTO DO "OLHA O LOBO"...................................................... 169

O HOMEM, SEU FILHO E O BURRO.................................................. 172

O LEOPARDO E A RAPOSA.............................................................. 173

O OURIÇO E O JOGO DA CABRA-CEGA............................................ 173

O PESCADOR FLAUTISTA................................................................ 174

O URSINHO DESAVERGONHADO.................................................... 175

OS BURROS ESPERTOS................................................................... 176

OS MENINOS E AS RÃS................................................................... 177

OS RATINHOS DESOBEDIENTES...................................................... 177

OS VIAJANTES E O URSO................................................................ 178

VÊNUS E A GATA.................................................................179

A REVOLTA DOS ANIMAIS

Certo dia o Sr. Jones, proprietário de uma fazenda, se descuidou na alimentação dos animais, fato este que se tornou o estopim para uma revolução.

A "Revolta dos Animais" é liderada por dois porcos (Napoleão e Bola-de-Neve). Após a tomada do poder estabeleceram sete mandamentos na fazenda:

1 - Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.

2 - Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.

3 - Nenhum animal usará roupa.

4 - Nenhum animal dormirá em cama.

5 - Nenhum animal beberá álcool.

6 - Nenhum animal matará outro animal.

7 - Todos os animais são iguais.

Com o passar dos anos um dos porcos (Napoleão) é seduzido pelo poder e estabelece uma ditadura, tão corrupta quanto à dos homens. Os mandamentos começam a sofrer modificações:

4 - Nenhum animal dormirá em cama com lençóis.

5 - Nenhum animal beberá álcool em excesso.

6 - Nenhum animal matará outro sem motivo.

7 - Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros.

Os animais tentaram criar uma sociedade utópica (impossível). As condições de vida foram se degradando, tornando-se pior do que modelo estabelecido pelo homem.

O homem (Sr. Jones) consegue recuperar a fazenda e o poder. A fazenda passa a produzir com fartura. Os animais passam a trabalhar arduamente em troca de míseras rações. Eles modificaram mais um mandamento, chegando à seguinte conclusão: "Quatro pernas bom, duas pernas melhor".

Felizmente aqui no Brasil não temos ditadores.

O MORCEGO E AS DONINHAS

Um morcego voou sem querer para a casa de duas doninhas. Uma doninha pensou que o morcego fosse um rato e ia comê-lo. O morcego falou que não era rato e sim uma ave, pois tenho asas, assim deixou-o ir em paz. Em outro dia foi cair no abrigo de outra doninha, esta era inimiga das aves. O morcego gritou não sou pássaro, pois não tenho penas. Mais uma vez o morcego salvou sua vida.

Muitos homens se colocam ao sabor das ondas,

virando a casaca quando necessário.

A NOVILHA, A CABRA, A OVELHA E O LEÃO

A novilha, cabra, ovelha e leão fizeram uma sociedade. Um veado foi morto e deveria ser dividida em quatro partes. O leão (rei), disse:... A primeira parte é minha porque sou rei, o segundo pedaço também é meu, pois sou o mais forte, o terceiro também porque sou o mais valente. Aquele que tocar na quarta porção será dilacerado por meus dentes.

Um rei opressor quer tudo para si.

O RATO DA CIDADE E O RATO DO CAMPO

O rato do campo foi comer na casa do rato da cidade. O rato do campo disse-

- Faça bom proveito e quando quiser vá à minha casa, onde não há qualquer ostentação:

A comida é pobre, mas onde guardo um grande tesouro:

lá se come e vive-se em liberdade.

O GALO E A PÉROLA

Um galo achou uma pérola. E disse:

- Para mim não tem valor, prefiro um grão de milho ou uma minhoca.

Um analfabeto ganhou um livro de muito valor, mas eu estaria mais feliz se ganhasse uma moeda para comprar um pão.

A comida é uma das coisas mais importantes para a sobrevivência.

A LEBRE E A TARTARUGA

Uma lebre e uma tartaruga resolveram fazer uma corrida. A lebre zombou dizendo que era o animal mais veloz. Após a largada a lebre ficou parada e despreocupada, pois em poucos saltos venceria a corrida. A tartaruga foi caminhando vagarosamente. Quando a lebre lembrou da corrida não dava mais tempo. A tartaruga estava chegando ao final, ganhando a corrida.

Para se chegar ao destino, mais vale partir em boa hora

do que correr rapidamente.

AS ORELHAS DA LEBRE

O rei leão levou uma chifrada, acidentalmente, de um boi, durante a noite.

O leão com raiva mandou expulsar todos os animais com chifre.

Uma lebre ficou com medo de que suas orelhas pudessem ser confundidas com chifres.

A lebre disse:

- A Deus vou embora.

- Um grilo respondeu:

- Que bobagem. Todos sabem que são orelhas e não chifres.

- Sim eu sei.-Mas de nada adianta. De você grilo não espero castigo. Os fortes é que me metem medo.

Se eles quiserem e acharem, verão em minhas orelhas perigosos chifres. De nada adiantará choro nem rogo.

O LEÃO E O MOSQUITO

O leão rei da selva espantava um mosquito, e disse:

- Sai daqui inseto imundo. O mosquito ficou com raiva e disse:

- Eu não tenho medo de você. O mosquito passou a picar o leão que quase enlouqueceu de dor. Ao se coçar perdeu muito sangue e caiu derrotado. O mosquito voou contente para contar a todos a sua vitória sobre o rei. Mas eis que seu vôo foi interrompido por uma frágil teia de aranha e foi devorado por ela.

O mais perigoso e feroz inimigo é sempre aquele

que se julga de menor valor.

O GATO E A RAPOSA

O gato e a raposa foram atacados pelos cães. A raposa saiu correndo e foi apanhada, o gato subiu em uma árvore e esperou os cães irem embora.

Daí surgiu o pulo do gato que ele não ensina a ninguém.

O LEÃO, O MACACO E OS BURROS

O leão (o rei) chamou o macaco considerado muito sábio, para falar sobre a injustiça e ridículo. O macaco disse:

- Muitos animais se julgam superiores aos outros, isto é ridículo.

Por exemplo, os burros acham uma injustiça que os homens os chamem de idiotas e ignorantes.

O macaco não quis falar muito de injustiça pois iria ofender o rei leão. Desta forma disse:

- Outro dia falarei sobre injustiça e pediu ao rei para ir embora. Ele disse que o assunto requer uma prolongada conversa e que em outro dia virei falar. O macaco foi saindo, pois não se atrevia falar de injustiça com o leão.

O rei opressor sempre tem razão.

O MACACO E GOLFINHO

Um navio afundou e todos passaram a nadar para a terra. Um macaco também estava a bordo e passou a nadar. Os golfinhos passaram a ajudar as pessoas, inclusive o macaco.

O golfinho perguntou ao macaco:

- Onde você mora? O macaco respondeu:

- Eu sou muito conhecido na cidade e os meus parentes são pessoas importantes e políticos.

O golfinho perguntou:

- O senhor conhece o Pireu?

- Claro é meu amigo íntimo.

O macaco não sabia que Pireu era um porto e não uma pessoa.

O golfinho percebeu que não tinha em suas costas um homem e sim um macaco. Abandonando-o na água.

O mundo está cheio destes

que falam de tudo sem nada conhecerem,

e que entendem uma coisa quando se fala outra.

A CORTE DO LEÃO

O leão (rei) convidou todos os animais para uma festa no palácio. O palácio tinha um cheiro horrível. O urso colocou a mão no nariz. O leão viu e mandou matá-lo. O macaco quis agradar o rei e falou que o palácio era perfumado. O leão mandou matar o macaco porque estava mentindo. O leão perguntou a raposa se o palácio era malcheiroso. A raposa esperta disse ao leão que estava gripada e não sentia cheiro nenhum. Desta forma não foi morta.

O melhor é ficar quieta

e não dar opinião para pessoas poderosas.

A RAPOSA E OS OUTROS ANIMAIS

O macaco foi deposto, e os animais concluíram que muito poucos são aqueles a quem cabe com perfeição a coroa real. A corte do leão.

Qualquer resposta ao rei positiva ou negativa seria punida com a morte. A raposa disse que estava gripada e não poderia opinar.

A astúcia da raposa acudiu em boa hora.

O GATO A DONINHA E O COELHO

Uma doninha aproveitou a ausência do coelho e entrou na casa do coelho. O coelho chegou e mandou a doninha que saísse de sua casa A doninha falou que a casa era sua e mandou o coelho ir embora. O coelho falou que morava ali por muitos anos e casa era dos seus pais. Para resolver o problema foram consultar um juiz, o gato. O gato pediu que ficassem bem perto dele, pois ele era surdo. Ao vê-los tão próximos atirou-se sobre eles, engolindo-os.

Pessoas maldosas aproveitam de certas situações

para tirar proveito. Cuidado com os falsos.

O GATO E O RATO

Um gato e um rato viviam em um troco de árvore. Um caçador colocou uma rede para pegá-los. O gato ao sair à noite ficou preso na rede. Começou pedir socorro para o rato. O gato disse que ficaria seu amigo e iria defendê-lo dos seus inimigos. O rato ao ver seu inimigo preso ficou contente, não acreditando na sua promessa. O rato ao voltar para casa foi surpreendido por uma coruja. Diante do perigo resolveu soltar o gato, pois este havia prometido defendê-lo. Ambos saíram correndo, pois o caçador estava chegando. O rato mais ligeiro foi à frente.

O gato disse:

- Chega para cá meu amigo.

O rato disse: - Achas que posso esquecer quem és? - Nenhum tratado fará um gato amigo do rato.

Ingênuo é quem acredita numa promessa

obrigada pela necessidade.

O LEÃO, O LOBO E A RAPOSA

O rei leão estava muito doente.

Todos os animais foram visitá-lo, levando remédios.

O leão notou que a raposa não foi visitá-lo.

O lobo para agradar o leão disse que sabia onde a raposa morava.

O rei mandou chamar a raposa. A raposa muito esperta disse que estava viajando a procura de um remédio para ele. O leão deveria colocar em seu corpo uma pele de lobo.

Desta forma mandou matar o lobo que estava ali a seu lado.

Que isto sirva de lição àqueles que gostam de bajular,

para não cair na própria armadilha.

O LOBO E A CEGONHA

Um lobo estava engasgado com um osso.

Uma cegonha com seu bico comprido tirou o osso.

A cegonha pediu ao lobo pagamento.

Este disse:

- Você colocou sua cabeça dentro da minha boca e eu não a degolei.

O lobo não reconheceu o benefício feito pela cegonha.

A GRALHA DISFARÇADA COM PENAS DE PAVÃO

Uma gralha se enfeitou com penas de pavão. Foi viver junto com os pavões e foi logo reconhecida e caíram sobre ela. Ela foi viver com as outras gralhas, mas elas a enxotaram, não a reconheceram.

Querer ser uma coisa que não é.

A MOSCA E A FORMIGA

A mosca achava que tinha uma vida melhor do que a formiga. Disse a mosca: - Posso ir até o palácio e pousar no chapéu do rei, posso pousar nos ombros da princesa e comer antes que os alimentos sejam servidos ao rei. Você formiga fica se arrastando e comendo folhas. A formiga respondeu: - Você pousa no focinho dos porcos, em todas as sujeiras e depois vai ao palácio. No inverno quando não tiveres comida e nem para onde ir eu estarei em meu formigueiro bem aquecido e provido.

Pode-se ver a diferença que há entre a verdadeira glória, calma e duradoura, e a glória fútil e passageira.

O CORVO QUE QUIS IMITAR A ÁGUIA

Um corvo quis caçar uma ovelha, como fazia a águia. Ao apanhar uma ovelha o corvo não conseguia voar. As suas garras ficaram presas na lã e o pastor prendeu o corvo em uma gaiola.

Querer ser mais do que realmente é.

O LEÃO

Um leopardo vivia em um bosque com muitos animais. Certo dia recebeu uma notícia que havia nascido um leãozinho. O leopardo perguntou à raposa: - Devo temer o leãozinho? A raposa disse: - Não se pode ter pena desse órfão. O melhor é logo matá-lo. O leopardo não seguiu a conselho da raposa. O leão cresceu e o terror espalhou por todo bosque. A raposa dizia: - Não adianta lutar que ele é invencível. O melhor é obedecer as suas ordens dar-lhe presentes. O leão é agora o rei destes bosques.

Se quiseres deixar crescerem as feras,

bom é que com elas se tenha aliança.

O LOBO E A RAPOSA

O lobo sempre foi considero esperto. Nas fábulas a raposa leva vantagem.

Certa noite a raposa ao olhar no fundo de um poço, viu a lua espelhada na água, como se fosse um queijo. Não teve dúvida entrou em um balde e desceu para comer o queijo. Ao chegar embaixo viu seu engano. Não conseguindo sair do poço.

Um lobo foi ao poço beber água.

A raposa cumprimentou o lobo:

- Boa noite companheiro. - Chegas em boa hora.Tenho aqui um bom queijo.

- Venha comer um pedaço de queijo.

- Desce por este balde ao seu lado.

O lobo entrou no balde e como era mais pesado, enquanto descia fez a raposa subir pelo outro balde.

A raposa iludiu o lobo para se salvar. Não se pode rir do lobo.

O lobo acreditou naquilo que se teme ou se deseja.

A CIGARRA E A FORMIGA

A cigarra cantou todo verão e não guardou comida para o inverno. Ela foi pedir socorro à formiga. Se me arrumar comida eu lhe pagarei quando chegar o verão.

A formiga perguntou: - Que fazias durante o verão? - Eu cantava sem parar.

A formiga disse: - Cantavas enquanto eu trabalhava, agora deve dançar.

Deve-se distribuir o tempo disponível para trabalhar

e se divertir (cantar).

A RÃ QUE QUIS SER GRANDE COMO O BOI

Uma rã quis ficar grande como o boi. Para isto ela foi enchendo de ar até igualar ao grande boi.

Perguntou a rã às suas irmãs:

- Já estou igual ao boi?

- Não. Foi a resposta.

- Falta muito?

- Desista.

Ela não quis ouvir o conselho. Foi inchando, até que estourar.

O mundo é assim. O escravo quer ser rei, o pobre quer ser rico.

Ninguém está satisfeito com sua sorte. E às vezes têm o mesmo destino da rã (estourou).

Querer mais do que poder.

O RAPOSO DE CAUDA CORTADA

Um raposo caiu em uma armadilha e perdeu parte do seu rabo.

Ele queria que todas as raposas cortassem o rabo para ficarem igual a ele.

E a moda da cauda cortada não foi aceita.

As caudas dos raposos continuam inteiras até hoje.

Não se deve querer que todo mundo seja igual a você.

A LIGA DOS RATOS

Um ratinho estava sendo perseguido por um gato.

As ratazanas se uniram para enfrentar o gato.

- Rápido, às armas! Bradaram todas as ratazanas.

O gato já estava com o ratinho na boca. As ratazanas tentaram salvar o ratinho.

O gato sem largar o ratinho investiu sobre as ratazanas.

As ratazanas apavoradas correram param as sua tocas e não apareceram mais.

Não adianta ir contra os poderosos com pouca força.

Diante do perigo os falsos amigos

procuram salvar a sua pele.

OS DOIS BURROS

Dois burros levavam diferentes cargas, com o mesmo peso.

Um levava milho e o outro prata.

O que levava prata ficou todo envaidecido por levar tão importante carga, de alto valor.

Eles caminhavam pela estrada quando foram surpreendidos por ladrões. Roubaram toda prata e espancaram o burro. O que levava o milho nada aconteceu.

Disse o amigo:

- Nem sempre é bom ter um bom emprego.

É melhor ser empregado de um modesto patrão

do que de um rico, mas carrasco.

O LOBO E O CORDEIRO

Um cordeirinho estava bebendo água em um riacho. Um lobo querendo pegar o cordeirinho disse:

- Você esta sujando a água que vou beber.

- Mas senhor estou bebendo abaixo.

- Além disso, falaste mal de mim no ano passado.

- Mas senhor eu ainda não havia nascido.

- Então foi teu irmão.

- Mas senhor eu não tenho irmãos,

- Pois então foram os teus parentes.

Pulou sobre o cordeirinho e o devorou.

A razão do mais forte é sempre a melhor.

A RAPOSA E A CEGONHA

Uma raposa convidou uma cegonha para jantar.

A raposa esperta colocou a comida em um prato raso.

A cegonha não conseguia comer, pois o seu bico comprido não pegava o alimento que era líquido.

A cegonha quis vingar-se da raposa.

E a convidou para jantar.

Colocou a comidas em altos vasos. A raposa não conseguia comer.

A raposa com fome voltou para casa.

Não se deve pregar peças a quem lhe possa dar o troco.

A GALINHA DOS OVOS DE OURO

Uma galinha botava um ovo de ouro todos os dias. O dono matou a galinha e viu que não havia ouro o interior da barriga.

Todo aquele que age com avareza

acaba por nada conseguir de bom.

O CAVALO QUE QUIS VINGAR-SE DO CERVO

No tempo em que todos os animais eram livres, um cavalo entrou em briga com um cervo.

O cavalo correu atrás do cervo, mas não conseguia alcançá-lo.

Assim pediu auxílio ao homem.

O homem montou no cavalo, colocando um freio em sua boca para guiá-lo.

Desta forma o cavalo alcançou o cervo e deu-lhe um coice.

O cavalo ficou grato ao homem.

O homem ofereceu sua casa ao cavalo, onde teria comida e boa vida.

O cavalo aceitou o convite do homem.

Desta forma o cavalo perdeu a sua liberdade.

Por mais doce que seja o sabor da vingança, seu preço sempre será exagerado.

A liberdade é a maior de todas as venturas.

O VEADO E A VINHA

A hospitalidade não deve jamais ser profana. Um veado foi salvo dos caçadores escondendo-se em uma vinha. Após comeu a vinha e foi descoberto e morto pelos caçadores. Por que haveria eu responder com ingratidão ao benefício recebido comendo a planta que me salvou.

Não se deve ser ingrato.

O CORVO E A RAPOSA

Um corvo estava com um pedaço de queijo no bico.

Uma raposa disse:

- Como é belo corvo. Tens lindas penas e uma bela voz.

O corvo envaidecido quis ouvir a sua voz e abriu o bico. O queijo caiu no chão.

A raposa esperta pegou o queijo e disse:

- Aprenda que o adulador vive à custa de quem lhe dá atenção.

O corvo jurou, jamais dar ouvidos aos aduladores.

O LEÃO E O JUMENTO VÃO À CAÇA

O rei leão chamou um jumento para uma caça.

O jumento deveria urrar bem alto.

Os animais com medo iriam sair correndo do mato e passar onde o leão estaria esperando.

O jumento orgulhoso disse:

- Acho que cumpri a minha tarefa muito bem.

- Claro. - Respondeu o leão. - Zurrou tão alto que ficaria com medo.

Mas eu te conheço e você pouco vale.

O jumento ficou raivoso, mas não poderia reagir a ofensa do leão.

Mas sabia que o rei leão tinha razão.

Não deve os tímidos pretender passar por destemidos.

Não há coisa mais ridícula que um burro fanfarrão (gostosão).

A DONINHA NA DESPENSA

A doninha entrou magra em uma despensa por um buraco pequeno.

Comeu tanto que não conseguia sair pelo buraco.

Um rato disse:

- Se magra, entraste, só magra poderás sair.

O LOBO QUE SE FEZ PASTOR

Um lobo para caçar as ovelhas resolveu disfarçar-se de pastor.

Vestiu calças e um grande chapéu para esconder as orelhas.

Enquanto o verdadeiro pastor estava dormindo o lobo se aproximou das ovelhas.

O lobo para disfarçar tentou imitar a voz humana.

Mas não conseguiu e acabou acordando o pastor e os cães.

O lobo atrapalhado com o seu disfarce nem pode fugir ou defender-se.

Não há mentira ou disfarce que permita a um lobo agir senão como um lobo.

OS LOBOS E AS OVELHAS

Os lobos resolveram fazer as pazes com as ovelhas.

Para o trato os lobos deveriam deixar seus filhotes junto com as ovelhas.

Os pastores deveriam deixar seus cães com os lobos.

Os lobinhos cresceram junto com as ovelhas. Eles se tornaram feras famintas e vorazes. Devoraram quase todas as ovelhas.

Os cães pastores que estavam dormindo foram devorados pelos velhos lobos.

Aos maus, é preciso sempre fazer a guerra.

O LEÃO VELHO

Um leão muito velho não tinha mais forças e estava esperando a morte.

Um lobo deu-lhe uma mordida, um cavalo um coice e o boi uma chifrada.

O leão estava em sua toca todo machucado.

Aí apareceu um asno para aproveitar-se da fraqueza do leão.

- Oh! Não. Assim é demais. Exclamou o leão.

- Não tenho medo de morrer, mas sofrer humilhação de um asno é mil vezes pior do que a morte.

O poder só é mantido enquanto tiver forças.

Nunca humilhar os outros.

O LEÃO ENAMORADO

Antigamente os animais eram amigos do homem.

Um leão se apaixonou por uma linda moça.

Ele foi pedir a mão da moça ao pai.

O pai ficou preocupado e disse:

- Você deve cortar as suas garras e limar os dentes para não machucar minha filha.

Apaixonado o leão fez o que o homem propunha.

Desta forma o leão não fazia mais medo a ninguém.

O homem atiçou-lhe os cães e o expulsou daquelas terras.

Quando se é dominado pela paixão,

pode-se dizer adeus à cautela.

O BURRO E O CÃOZINHO

Certo burro ficou indignado ao ver um cãozinho ser acariciado pelo patrão.

O burro pensou:

- O cãozinho vive dentro de casa, come do bom e do melhor e eu só recebo pancadas.

O burro resolveu agradar o homem para receber os mesmos tratos do que o cãozinho.

O burro aproximou-se do seu dono e para agradar colocou suas patas em seu ombro.

- O patrão exclamou:

- Que agradável carícia meu querido e gentil burro. Espere um pouco.

Pegou um pau e fez o burro chorar sob a grossa pancadaria.

Quem nasceu rude não tente parecer delicado.

A LEBRE E A PERDIZ

Uma lebre e uma perdiz viviam felizes em um campo.

Uma matilha apareceu.

A lebre ao ver os cães correu para sua toca. Mas o cheiro que ela deixou levou um cão a sua toca e a matou.

A perdiz divertia-se muito. E falava:

- Não vivias gabando-se de sua ligeireza.

Os cães passaram a persegui-la.

A perdiz alçou vôo.

Mas se esqueceu de que no ar estava o gavião seu mortal inimigo.

Nas garras do gavião ela encontrou a morte.

Não se deve dar risada da desgraça alheia.

O LOBO E O CÃO

Um lobo fraco e magro encontrou um mastim gordo, que estava perdido. O lobo não quis enfrentar o cão muito forte. Perguntou o lobo:

- Como você fez para ficar tão forte e bonito?

- Respondeu o cão:

- Não é difícil.

- Você deve morar em uma casa, adule o patrão e defenda-o dos estranhos. Assim recebera muito comida.

O lobo viu que o pescoço do cão estava pelado e perguntou:

- Que é isso?

- Eles me prendem.

- Então fica preso?

- Não quero mais saber de boas comidas.

Prefiro a fome a ter de bajular e andar acorrentado.

A ASSEMBLÉIA DOS RATOS

Os ratos temiam um gato e não saiam mais de casa.

Uma medida teria que ser tomada pelos ratos.

Os ratos após uma reunião resolveram colocar um guizo no pescoço do gato. Desta forma saberiam quando o gato estaria se aproximando, pelo barulho do guizo.

Havia, apenas, uma dúvida: quem iria marrar o guizo no pescoço do gato.

Ninguém se atrevia a sequer aproximar-se do terrível gato.

Sugestões e conselhos há muitos,

mas voluntários, muito poucos.

A ANDORINHA E OS PASSARINHOS

Um lavrador estava plantando milho.

Uma andorinha muito sábia orientou os passarinhos para comer os grãos de milho antes de nascer.

Os passarinhos riram da andorinha.

Passado algum tempo o milho já estava nascendo.

A andorinha aconselhou os passarinhos arrancarem o milho brotado.

Os passarinhos não levaram a sério o conselho da andorinha.

Quando o milho cresceu e deu grãos a andorinho falou aos passarinhos:

- Tomem cuidado que o lavrador colocou redes para pegá-los.

Os passarinhos não deram atenção ao conselho da andorinha.

Pouco depois sofriam a prisão e morte.

Só nos importamos com o mal

quando ele se abate sobre nós.

OS ANIMAIS PERANTE JÚPITER

Júpiter deus dos deuses reuniu todos os animais e disse:

- Quero que todos falem se há alguma coisa errada em sua natureza.

O macaco disse a júpiter:

- Eu não tenho, por mim, queixas. O urso que é muito feio.

O urso falou:

- Seria bom que o elefante desse um jeito no seu corpo.

Chamado o elefante, disse:

- A baleia é muito grande.

A formiga chamada disse:

- A pulga era um inseto inseguinificante.

Júpiter verificou que todos estavam satisfeitos com a sua natureza, pois só falavam dos outros.

Ninguém sabe ver seus próprios defeitos. Os animais só criticaram os defeitos dos outros perante Júpiter (rei).

OS ZANGÕES E AS ABELHAS

Alguns favos de mel estavam sendo disputados pelos zangões e pelas abelhas.

A briga foi levada ao tribunal. O juiz era uma vespa.

Passado muito tempo não se chegou a uma conclusão, de quem era os favos de mel.

Uma abelha muito esperta disse:

- O mel vai estragar.

- Proponho que os zangões e as abelhas passem a trabalhar.

- Desta forma vamos saber quem sabe fazer os favos de mel.

Os zangões não foram capazes de fazer o mel.

A juíza vespa, deu ganho de causa às abelhas.

Pelo trabalho se conhece o artesão.

Os zangões não produzem mel e sim as abelhas.

O PROCESSO DO LOBO CONTRA A RAPOSA

O lobo e a raposa foram condenados a pagar uma multa. O juiz disse:

- Há muito tempo conheço a ambos e sei bastante sobre sua fama.

- De qualquer modo , sei que não pratico injustiça alguma.

Qualquer que fosse a sentença o juiz estaria condenando um desonesto.

Os desonestos nunca têm razão.

OS DOIS TOUROS E AS RÃS

Dois touros enormes estavam disputando o amor de uma novilha.

Uma rã próxima assistia a briga e lamentava:

- Entre os touros haverá um vencedor e um perdedor. O perdedor deverá fugir e virá se esconder aqui onde vivemos. A partir daí correremos o risco de ser pisoteados e mortas pelo touro.

A rã tinha razão, um dos touros fugiu para o pântano, esmagando dezenas de rãs.

Sempre haverá um mais fraco para sofrer as conseqüências das lutas entre os poderosos.

A CADELA E SUA AMIGA

Uma cadela deu cria e não tinha onde ficar.

Pediu a uma amiga se podia ficar em sua casa.

Após ter seus filhotes a dona da casa pediu para ela fosse embora.

A cadela pediu para ficar mais algum tempo até os filhotes pudessem acompanhá-la.

A dona da casa com dó permitiu que ficasse mais alguns dias.

Após o prazo foi pedir que desocupassem a casa.

A cadela a recebeu com maus tratos, mostrando os dentes.

- Só sairei daqui se você tiver coragem de me expulsar. Os seus filhotes haviam crescido e já eram ferozes.

Sempre se tem arrependimento

quando se faz favor a quem não o merece.

UM BURRO CARREGADO DE ESPONJAS

E OUTRO DE SAL

Dois burros caminhavam levando sal e esponjas.

Ao chegarem em um rio, deveriam passar por ele.

O burro carregado de sal entrou na água. O sal derreteu e ele conseguiu passar o rio sem esforço.

O outro burro que carregava esponjas entrou no rio, imitando o outro.

As esponjas ficaram molhadas e pesadas e estava se afogando.

Alguns homens que passavam socorreram o burro e o tropeiro.

A moral desta fábula é esta:

não é bom que todos ajam da mesma maneira

O GALO E A RAPOSA

Um galo estava empoleirado num galho de uma árvore, de guarda contra as raposas.

Uma raposa se aproximou e disse ao galo:

- Não vejo mais razão para que continuemos a velha luta. Venha cá que tenho uma ótima notícia. Os galos e as galinhas poderão viver sem receio e quero lhe dar um abraço.

O galo respondeu:

- Minha cara amiga eu vejo dois grandes cães que já sabem da notícia, vêm eles trazer a boa notícia.

Ouvindo falar dos cães a raposa pôs-se a correr.

O astuto galo, empoleirado no seu galho,

pôs-se então a rir, satisfeito,

porque não há coisa alguma que dê mais alegria

do que ludibriar os velhacos.

O RAPOSO E O BODE

Um raposo e um bode, amigos, caminhavam por uma estrada.

Com sede pararam em um poço e desceram para beber água.

Após viram que não era possível sair do poço.

O raposo teve uma idéia. Falou ao bode:

- Você fica em pé e eu poderei subir pela sua costa. Após subir eu te puxarei.

O bode contente pela idéia do raposo ficou em pé e deixou o raposo subir.

Lá em cima o raposo riu do bode deixando-o no fundo pó poço.

A principal preocupação deve ser, sempre,

não como se há de entrar, mas como se poderá sair.

O CISNE E O COZINHEIRO

Em um sítio viviam duas aves: um cisne e um ganso.

O cisne com sua elegância enfeitava a propriedade e era a alegria do dono.

Um dia o dono resolveu comer o ganso, pois ia receber visitas.

O cozinheiro embriagado foi pegar a ave, mas no lugar de pegar o ganso pegou o cisne.

O cisne desesperado ia ser degolado, quando se pôs a cantar.

O cozinheiro surpreso viu que tinha sido enganado e disse:

- Céus! Quase cozinhei um belo cisne cantor.

Em meio aos perigos que nos assaltam,

nunca é inútil falar-se bem, tentando a defesa

O PAVÃO QUEIXANDO-SE A JUNO

Um pavão estava se queixando de que tinha a voz muito feia e de que o rouxinol era dotado de lindos cantos.

A deusa juna ficou irritada com a queixa do pavão e disse:

- Você é uma ave mesquinha e não tem o direito de invejar o rouxinol, tens a mais linda plumagem de todas as aves.

Ai dos que não se contentam com a sua condição.

A deusa Juno disse ao pavão:

- Não te queixes de sua condição ou eu te castigo. Destruirei a tua bela plumagem.

Não se deve ficar queixando-se de tudo.

O GATO E O RATO VELHO

Um gato muito esperto teve uma idéia de pegar os ratos.

Os ratos viviam escondidos e não mais saiam de suas tocas.

O gato amarrou uma corda em seu corpo e ficou pendurado no teto da casa.

Os ratos pensaram que o gato havia morrido e saíram para festejar.

O gato deu um salto e pegou muitos ratos. Alguns conseguiram fugir.

Passado um bom tempo o gato quis armar outro disfarce.

Cobriu-se de farinha, ficando todo branco e foi esconder-se entre os sacos de farinha.

Os ratos pensaram que o gato tinha ido embora.

Um rato velho, porém desconfiado, falou:

- Algo me diz que é um novo ardil do gato, não devemos ir até os sacos de trigo.

É da prudência que nasce a segurança.

O LOBO, A CABRA E O CABRITO

Uma cabra deu cria um cabritinho. Ela estava muito fraca e não tinha leite para o seu filhote.

Resolveu sair de casa para pastar e recomendou ao cabrito:

- Não abra a porta para ninguém e só abra quando ouvir a senha: "Maldito seja o lobo".

Um lobo que estava próximo ouviu a senha.

Logo que a cabra saiu o lobo foi a casa e proferiu as palavras da senha.

O cabrito, desconfiado da rapidez da volta da mão, olhou por uma fresta e viu olobo.

O cabrito disse ao lobo:

- Mostre-me a sua pata branca, por baixo da porta.

O cabrito sabia que os lobos não têm patas brancas.

O lobo enraivecido foi embora.

Um pouco de precaução não faz mal a ninguém.

PORCO FAZ RUSSOS BRIGAREM

Sergei criava um porco no saguão do edifício em que residia.

Um dia, o porco- Vasily- invadiu o apartamento de Vladimir, um vizinho e quebrou o seu precioso aparelho de chá.

Furioso, Vladimir não teve dúvida: matou o porco de Sergei.

O caso foi levado à justiça.

Foi dado ganho de causa a Vladimir.

O crime foi cometido sob forte emoção.

Um edifício não é jardim zoológico, e nem uma fazenda.

OS ANIMAIS E AS LENDAS

Antigamente existiam muitas lendas sobre certos animais. Como exemplo, a lenda de que a cobra sucuri hipnotiza. Sabe-se hoje, de sobra, que as cobras enxergam realmente bem a certa distância. Um objeto quieto, imóvel, é localizado pelo cheiro, mas não visto, a não ser quando se move. Assim a preza fica imóvel, como se estivesse hipnotizada, para tentar escapar da mordida da cobra.

A raposa era capaz de fingir-se de morta e deixar-se bicar por corvos. Estes eram enganados pelo comportamento da raposa. A raposa desta forma agarra um deles com um bote rápido.

Os botos auxiliavam nadadores e afogados.

Hoje se reconhece que estas lendas são fatos verdadeiros.

A ficção se torna realidade.

A POMBA E A FORMIGA

Uma bomba estava bebendo água em um riacho.

Ao olhar para a água viu uma formiga se afogando.

Logo pegou um raminho e jogou para a formiga que utilizou para se salvar.

Mais tarde um menino com seu estilingue se preparava para matar a bomba.

Mas quando foi atirar a pedra na pomba, sentiu no calcanhar uma dolorosa ferroada.

A formiga tinha retribuído o favor que a pomba lhe havia prestado.

Desta forma o menino não conseguiu matar a pomba.

Até mesmo entre os animais podemos tirar exemplos de como praticar o bem.

A LEBRE E AS RÃS

Uma lebre vivia em sua toca com muito medo dos predadores.

Um dia ouviu um barulho e saiu correndo, sem saber o que era.

Ao disparar em correr passou por um pântano. As rãs que ali viviam assustadas pelo barulho da lebre, atiravam-se na água, procurando fugir.

A lebre parou e exclamou:

- Ora esta! Eu que estou fugindo do perigo e ainda sou capaz de assustar alguém. Minha presença causou pânico. Não sabia que sou tão poderosa.

Neste mundo amedrontado sempre foi assim: Não há covarde que não encontre quem o ultrapasse em covardia.

O PEIXINHO E O PESCADOR

Um pescador lançou sua rede e pegou uma pequenina carpa.

O pescador disse:

- Como és minúscula. Mas não deixa de ser um peixe.

A carpinha assustada, disse ao pescador:

- Eu sou muito pequena, não tenho utilidade para o senhor. Acho melhor lançar-me à água e esperar eu crescer. Desta forma terá um melhor lucro. Pequena como sou não dará sequer para uma garfada.

- Boa ou má rica ou pobre, grande ou pequena, respondeu o pescador:

- O certo que você estará na minha refeição, porque seu destino é a panela.

Não se deve trocar o certo pelo duvidoso.

O LEÃO VAI A GUERRA

O leão resolveu convocar todos os animais para uma grande guerra.

Os animais foram reunidos e cada um teria uma função:

O elefante iria servir de transporte.

O urso iria atacar corpo a corpo.

O raposo teria missão que necessitaria de astúcia.

O macaco iria distrair o inimigo com suas cambalhotas.

Um dos bichos perguntou ao leão:

- O que fazer com o burro, que é muito lerdo; e com a lebre que é muito medrosa?

O leão disse:

- Mas, não. Tenho as missões para eles. O burro aturdirá os inimigos com seus poderosos zurros; e a lebre muito veloz servirá de correio.

Para os inteligentes,

nada há no mundo que não tenha utilidade.

A GUERRA ENTRE OS RATOS E AS DONINHAS

Os ratos e as doninhas entraram em guerra. As doninhas são predadoras dos ratos como os gatos.

A guerra foi violenta e houveram muitas mortes.

Os ratos foram derrotados.. As doninhas não tiveram dó dos ratos.

Alguns ratos soldados conseguiram fugir e se refugiaram nas tocas.

Os ratos oficiais, vaidosos, haviam adornados suas cabeças com capacetes e penachos. Desta forma não conseguiram passar pelas portas das tocas. Assim os que tinham enfeitado a cabeça foram também mortos.

A vaidade põe muitas vezes a cabeça a perder.

O CAVALO E O LOBO

Um lobo queria atacar um cavalo. O cavalo estava pastando tranquilamente.

O lobo fingiu-se de médico e chegou perto do cavalo e disse:

- Caro cavalo você parece doente.

O cavalo respondeu:

- Sim eu tenho um ferimento no casco.

- Não lhe disse? Falou o lobo.

- Mas eu posso te curar, pois eu também sou cirurgião.

O lobo se prepara para morder o cavalo, quando este já sabendo das intenções do outro, lhe deu um violento coice, no focinho.

O lobo com o focinho coberto de sangue pensou:

- Castigo merecido.

Para que se passar de bondoso, eu,

que não passo de um carniceiro.

O JAVALI E A RAPOSA

Um javali estava afiando suas presas em uma árvore.

Uma raposa chegou perto do javali e disse:

- Por que você está fazendo isso? Afinal de contas, não vejo nenhuma situação de perigo por perto.

O javali respondeu:

- Você está completamente certa. Mas, quando o perigo se apresentar, não terei tempo para fazer isso, e minhas armas não estarão prontas para uso, e por isso mesmo, poderei sofrer as conseqüências por ter sido descuidada.

Estar preparado para a guerra é a melhor garantia de paz.

O LAVRADOR E A CEGONHA

Uma cegonha ingênua e boa, foi convidada por um bando de garças a visitar uma roça recém plantada.

O lavrador havia colocado uma rede no local para capturar as aves.

A cegonha pediu ao lavrador para que a deixasse ir embora e disse:

- Eu não sabia que as garças estavam vindo roubar suas sementes.

Respondeu o agricultor:

- Você pode ser um bom pássaro, e tudo que diz pode ser verdadeiro, mas eu capturei você na companhia das garças destruidoras de plantações, e assim terá a mesma punição que reservei para elas.

Você é julgado a partir das companhias com quem anda.

AS DUAS CABRAS

Duas cabras queriam passar por um tronco de árvore caída em um desfiladeiro.

Elas resolveram, ao mesmo tempo, atravessarem o estreito caminho. No meio da travessia as duas se encontraram, e começaram, a se agredir mutuamente com seus chifres.

Após muito tempo de briga, acabaram por cair no profundo desfiladeiro.

É melhor abrir mão do orgulho do que chamar para si a desgraça através da vaidade e teimosia.

A RAPOSA, O OURIÇO, AS RÃS E AS ABELHAS

A raposa para apanhar um ouriço embolado, urina em cima dele. O animal sufocado pela mal cheirosa urina, desenrola-se, sendo então atacado.

A raposa para pescar rãs, coloca sua cauda vermelha sobre a água, na qual as rãs se agarram. Depois retirando a cauda bruscamente, ela joga os anfíbios para fora.

Dizem até, que ela é tão astuta que é capaz de tirar mel das abelhas sem ser picada.

Certos homens utilizam artifícios ilícitos

para conseguirem o que querem.

A LENDA DO URSO

Um índio estava enfermo, adormeceu e teve um sonho:

Um urso enorme lambeu seu corpo. A cada passagem da língua a dor ia diminuindo, até que desapareceu completamente.

Após o urso aproximou-se do moribundo, trazendo em sua boca folhas e ervas que mastigou até fazer um emplasto com que recobriu o peito do doente.

No dia seguinte pó índio estava completamente curado.

Os animais podem nos ensinar como curar doença

O REI DOS BUGIOS E DOIS HOMENS

Caminhavam dois companheiros, tendo perdido o caminho, depois de terem andado muito, chegaram à terra dos Bugios. Foram logo logo levados ante o rei, que vendo-os lhes disse: - Na vossa terra, e nessa por onde vindes, que se disse de mim, e do meu reino? Respondeu um dos companheiros: - Dizem que sois rei grande, de gente sábia, e lustrosa. O outro, que era amigo de falar verdade, respondeu: - Toda vossa gente são bugios irracionais, forçado é que o rei também seja bugio.

Como isto ouviu o rei, mandou que matassem a este, e ao primeiro fizessem mimos, e o tratassem muito bem.

O RATO E A RÃ

Desejava um Rato passar um rio, e temia, por não saber nadar. Pediu ajuda a uma Rã, a qual se ofereceu de o passar, se atasse ao seu pé. Consentiu o Rato, e tomando um fio, se atou pelo pé e na outra ponta atou o pé da Rã. Saltaram ambos na água, mas a Rã com malícia trabalhava por se mergulhar, por que o Rato se afogasse. O Rato fazia por sair para fora, e ambos andavam neste trabalho e fadiga. Passava um milhano (falcão) por cima e vendo o rato sobre a água, se abateu per o levar, e levou juntamente a Rã, que estava atada com ele, no ar os comeu ambos.

Aproveitador da briga dos outros

O LADRÃO E O CÃO DE CASA

Querendo um Ladrão entrar em uma casa de noite para roubar, achou à porta um Cão, que com ladridos o impedia. O cauteloso Ladrão, para o apaziguar, lhe lançou um pedaço de pão. Mas o cão disse: - Bem entendo que me dás este pão por que me cale, e te deixe roubar a casa, não por amor que me tenhas: porém já que o dono da casa me sustenta toda a vida, não deixarei de ladrar, se não te fores, até que ele acorde, e te venha estorvar. Não quero que este bocado me custe morrer de fome toda a minha vida.

Ser grato para quem lhe fez o bem.

O CÃO E A OVELHA

Demandou o Cão à Ovelha certa quantidade de pão, que dizia haver-lhe emprestado, ou dado na sua mão em depósito. Ela negou havê-lo recebido. Dá o Cão três testemunhas, convém a saber: um Lobo, um Buitre e um Milhano, os quais todos já vinham com o Cão subornados, e apostados a jurar em seu favor, como com efeito juraram, dizendo que eles viram receber à Ovelha o pão, que se lhe pedia. Vendo a prova, a condenou o Juiz a que pagasse; e como ela não tivesse por onde, lhe foi forçado tosquiar o pêlo, e vendê-lo ante tempo, do que pagou o que não comera, e ficou nua padecendo as neves e frios do Inverno.

Suborno e injustiça nunca devem ser praticados.

O CÃO E A CARNE

Levava um Cão na boca um pedaço de carne, passava com ela um rio, e vendo no fundo da água a sombra da carne maior, soltou a que levava nos dentes, por tomar a que via dentro na água. Porém como o rio levou para baixo com sua corrente a verdadeira, levou também a sombra e ficou o Cão sem uma e sem outra.

Não praticar a ganância. Contenta-te com o que tens e não cobices o que pertence aos outros.

A MOSCA SOBRE A CARRETA

Sobre um carro de mulas, carregado, pousou uma mosca, e achou-se tão altiva de ir a seu gosto, alta, que começou a falar soberba contra a mula dizendo que andasse depressa, senão que a castigaria, picando-a onde lhe doesse. Virou a mula o rosto dizendo: - Cala-te, paria sem vergonha, que não temo nem me podes fazer nada; o medo que me causa é do carreteiro, que leva na mão o açoite, que tu só com importunações cansas-me, sem me fazer outro mal.

Querer dar de poderoso, mas não é.

O CÃO E A IMAGEM DE HOMEM

Buscando de comer, o Cão acertou de achar uma Imagem de homem, muito primorosa, e bem feita de papelão com cores vivas. Chegou o Cão a cheirar por ver se era homem que dormia. Depois deu-lhe com o focinho e viu que se rebolava, e como não quisesse estar queda, nem tomar assento, disse o Cão: - Por certo que a cabeça é linda, senão que não tem miolo.

As aparências enganam.

O HOMEM E A DONINHA

Um homem que caçava Ratos, prendeu na armadilha uma Doninha. Ela vendo-se em seu poder, lhe disse que a soltasse, e alegou razões, dizendo: que ela nenhum mal fazia, antes lhe alimpava a casa de ratos e bichos, e sempre, por lhe fazer bem, os andava matando. Respondeu o homem: - Se tu por fazer bem o fizeras, devia-te eu agradecimento, mas como o fazes pelo comer, não te devo nada, antes te quero matar, que se eles te faltarem, comer-me-ás o meu, pior do que o fazem os mesmos ratos.

Fazer-se de bom por interesse, quando na verdade não é.

A BUGIA E A RAPOSA

Rogava a Bugia à Raposa que cortasse a metade do seu rabo e lho desse, dizendo: - Bem vês que o teu rabo arroja, e varre a terra, e é defeito por demasiado; o que dele sobeja me podes prestar a mim, e cobrir-me estas partes, que vergonhosamente trago descobertas. Antes quero que arroje, (disse a Raposa) e varra o chão, e me seja pesado, que aproveitares-te tu dele. Por isso não lho darei nem quero que coisa minha te preste. E assim ficou sem ele a Bugia.

Enganar os outros com elogios falsos.

O HOMEM E A COBRA

Na força do chuvoso, e frio Inverno andava uma Cobra fraca, e encolhida, e um homem de piedade a recolheu, agasalhou e alimentou enquanto houve frio. Chegado o Verão, começou a Cobra a estender-se, e desenroscar-se, pelo que ele a quis lançar fora; mas eia levantou o pescoço para o morder. O que vendo o homem, tomou um pau, assanhou-se a Cobra, e começaram ambos a pelejar. De que resultou ficar ela morta, e ele bem mordido.

Não se deve abrigar um inimigo.

O ASNO E O LEÃO

O Asno simples e torpe encontrou-se com o Leão em um caminho; e de altivo, e presunçoso, se atreveu a lhe falar, dizendo: - Vades embora companheiro. Parou-se o Leão vendo este desatino e ousadia; mas tornou logo a prosseguir seu caminho, dizendo: - Leve cousa me fora matar e desfazer agora este; porém não quero sujar meus dentes, nem as fortes unhas em carne tão bestial e fraca. Assim passou, sem fazer caso dele.

Os poderosos não dão atenção aos fracos.

A ÁGUIA E A RAPOSA

Tinha a Águia filhos e para os cevar levou nas unhas dois raposinhos tomados de uma lousa. A mãe, que o soube, lhe foi rogar que desse seus filhos. Mas a Águia lá do alto zombou dos rogos e disse que não deixaria de lhos comer. A raposa magoada começou logo a cercar a árvore, onde a Águia tinha seu ninho de muitas palhas, tojos, paus secos e acendalhas de tal maneira, que pondo-lhe o fogo, fez uma fogueira muito grande. Viu-se a Águia atribulada do fumo, e labareda, e do receio que ardesse a árvore toda, lançou-lhe os filhos sem lhe tocar, e quase ficou chamuscada pela indústria da Raposa.

Ameaçar muitas vezes surte efeito.

O BEZERRO E O LAVRADOR

Tinha um Lavrador um Bezerro, forte e mimoso e pô-lo no jugo, com outro boi manso; mas como o Bezerro o não quisesse tomar nem sofrer, com pancadas e pedradas, trabalhava o Lavrador per o amansar. E disse ao Boi manso: - Não te tomo com este para que lavres, que ainda não é para isso, senão para o amansar de pequeno, porque depois que for touro madrigado não haverá quem o amanse.

Praticar atos com segundas intenções interesseiros.

A ÁGUIA E A COREIXA

A Águia tomou nas unhas um Cágado para cevar-se, e trazendo-o pelo ar, e dando-lhe picadas, não podia matá-lo, porque estava mui recolhido em sua concha. Embravecia-se muito com isso a Águia, sem lhe prestar, quando chega a Coreixa, e diz: - A caça que tomastes é em extremo boa, mas não podereis gozar dela senão por manha. Disse a Águia que lhe ensinasse a manha e partiria com ela da caça. A Coreixa o fez dizendo: - Subi-vos sobre as nuvens, e de lá deixai cair o Cágado sobre alguma laje, quebrará a concha e ficar-nos-á a carne descoberta. A Águia assim o fez; sucedendo como queriam, comeram ambas da caça.

Muitas vezes é melhor repartir do que ficar sem nada.

AS RÃS E JÚPITER

As Rãs, no outro tempo, pediram a Júpiter que lhes desse rei, como tinham outros muitos animais. Riu-se Júpiter da ignorante petição, e deferindo a ela, lançou um madeiro no meio da lagoa. Começaram as Rãs a ter-lhe respeito, porém desde que entenderam que não era cousa viva, de novo tornaram a Júpiter pedindo rei. Agastado Júpiter da importunação, deu-lhes a Cegonha, que começou a comê-las uma a uma. Vendo elas esta crueldade, foram-se com queixas, e por remédio a Júpiter, mas ele as lançou de si, dizendo: - Andai para loucas: já que vos não contentastes do primeiro rei, sofrei este, que tanto me pedistes.

Não se deve reclamar do que se ganha.

AS POMBAS E O FALCÃO

Vendo-se as Pombas perseguidas do Milhano, que as maltratava de quando em quando, e buscando como poderiam livrar-se, quiseram valer-se do Falcão. Tomou este o cargo de as defender; mas começou a tratá-las muito pior, matando-as e comendo-as sem piedade. Vendo-se sem remédio, diziam: Com razão padecemos, pois não nos contentando do que tínhamos, soubemos tão mal escolher cousa que tanto nos importava.

Pensar bem antes de trocar as coisas.

O GALGO VELHO E SEU AMO

A um Galgo velho, que havia sido muito bom, se lhe foi uma lebre dentre os dentes, porque quase já os não tinha. O amo por isso o açoitou cruelmente, e lançou de si, como cousa que nada valia. Disse o Galgo: - Deves, senhor, lembrar-te como te servi bem enquanto era moço, quantas lebres tomei, e quanto me estimavas: agora que sou velho, e estou posto no osso, por uma que me fugiu, me açoutas, e lanças fora, devendo perdoar-me e pagar-me bem o muito que te tenho servido.

A ingratidão fere muito.

O CERVO, O LOBO E A OVELHA

Demandava o Cervo à Ovelha falsamente certo trigo, que dizia haver-lhe emprestado. A Ovelha pudera negar-lho, mas receou, porque estava um Lobo, de companhia com o Veado, e assim com dissimulação lhe disse: - Rogo-te por tua vida, que esperes alguns dias, e então averiguaremos nossas contas, que eu te pagarei quanto te dever. Foi contente o Cervo. Porém tanto que ambos se encontraram sem o Lobo estar presente, a Ovelha o desenganou, que nem lhe devia trigo, nem lho devia de pagar sua vontade, senão porque tu és enfadonha e importuna.

Fazer falsas cobranças utilizando a força.

AS AVES E O MORCEGO

Havia guerra travada entre as Aves e outros animais, que, como eram fortes, andavam as Aves maltratadas e vencidas. Temeroso disto, o Morcego passou-se do bando contrário e voava por cima dos animais de quatro pés, posto já de sua parte. Sobreveio a Águia em favor das Aves, e alcançaram vitória. E tomando o Morcego, em castigo de traição, lhe mandaram que andasse sempre pelado e às escuras.

Ser diferente, na realidade do que é,

para conseguir algum benefício.

O CAVALO E O ASNO

Indo o Cavalo com jaezes ricos de seda e ouro de muito preço, encontrou no caminho um Asno carregado, e disse-lhe com muita soberba: - Animal descomedido, porque não me dás lugar; e te desvias para que eu passe? Calou e sofreu o pobre Asno. Mas daí a poucos dias emanqueceu o Cavalo, e puseram-no de albarda para servir. Acertou o Asno de o achar carregado de esterco, e disse-lhe: - Que vai, irmão, onde está vossa soberba, porque não mandais agora que me arrede, como fazias em outro tempo?

Não comportar-se com soberba,

por que algum dia poderá estar por baixo.

O FALCÃO E O ROUXINOL

O Falcão uma manhã se apossou do ninho onde o Rouxinol tinha seus filhos, e quis matá-los. Começou o Rouxinol com muita brandura a rogar-lhe que não os matasse, e que o serviria. Disse o Falcão, que era contente, se cantasse de modo que o satisfizesse. Começou o triste Rouxinol a cantar muito sentido, e suave. Porém o Falcão mostrando-se descontente da música, começou a comê-los. Chega nisto por detrás um caçador e lança ao Falcão um laço em que o prendeu e o levou arrastos, e o Rouxinol ficou livre.

Falsas acusações podem complicar a vida.

O ASNO E O MERCADOR

Um tendeiro caminhando para a feira levava um Asno carregado de mercadorias, que de mui fraco, andava devagar. O Mercador cobiçoso com desejo de chegar, dava tanto no Asno, que não podia bulir-se, que caiu no caminho com a carga e morreu. Depois de morto o esfolaram e da pele lhe fizeram um tambor, em que andavam de contínuo rangendo e batucando.

Os explorados são aproveitados mesmo após a morte.

O PASTOR E O LOBO

Fugiu um Lobo de um caçador que vinha em seu seguimento, e diante de um Pastor se escondeu em umas moutas, rogando-lhe que se o caçador lhe perguntasse, dissesse era ido. Ficou o Pastor de o fazer. E chegado o caçador, perguntando pelo Lobo, o Pastor lhe dizia que era ido, mas com a cabeça lhe acenava para onde estava; não atentou o caçador nos acenos, e foi-se. Saiu o Lobo e disse-lhe o Pastor: - Que vai amigo, muito me deves, bom valedor tiveste em mim. Valeu-me a mim minha ventura, (respondeu o Lobo) e não te entender o caçador, pelo que nada te devo antes se bendigo a tua língua, amaldiçôo a tua cabeça, que tanto fez por me descobrir.

Amigo pela frente, falso por de trás.

O LEÃO E O RATO

Estando o Leão dormindo, andavam uns Ratos brincando ao redor dele, e saltando-lhe por cima, o acordaram. Tomou ele um entre as mãos, e estava para o matar, mas pelo ter em pouco, e pelos muitos rogos, com que lhe pedia, o soltou. Sucedeu daí a pouco tempo cair o Leão em uma rede, onde ficou liado, sem poder valer-se de suas forças. E sabendo-o o Rato, tal diligência pôs, que roeu brevemente os laços e cordéis, e soltou o Leão, que se foi livre, em paga da boa obra que lhe fez.

Recompensa pela boa obra ou atitude.

O PORCO E O LOBO

Estava uma Porca com dores de parir, e um faminto Lobo se chegou a ela, dizendo que era seu amigo, e tinha dó de a ver desamparada, que queria servir-lhe de parteira. Bem entendeu a Porca que vinha ele por lhe comer os filhos; e dissimulando disse: que não pariria enquanto ele ali estivesse, que era mui vergonhosa, e que se pejava dele, que era seu afilhado; portanto, que se fosse e a deixasse parir, e que depois tomaria. Fê-lo o Lobo assim, mas em se desviando dali, a Porca também se foi buscar um lugar seguro em que parir.

Cuidado com as falsas promessas.

O VELHO E A MOSCA

Repousava à soalheira um Velho calvo, com a cabeça descoberta, e uma Mosca não fazia senão picar-lhe na calva. Acudia logo o Velho com a mão, e como ela fugisse mui depressa, dava em si mesmo grandes palmadas, de que a Mosca gostava e se ria. Disse o Velho: Ride-vos, embora, de quantas vezes eu der em mim; que isso não me mata, mas se uma só vez vos acerta, ficareis morta, e pagareis o novo e o velho.

Pode-se pagar caro ao rir da desgraça.

O CORDEIRO E O LOBO

Andava um Cordeiro entre as cabras e chegou o Lobo, dizendo-lhe: - Não é este o teu rebanho, vem comigo, levar-te-ei a tua mãe. Respondeu o Cordeiro: - Não quero; porque esta Cabra me quer muito, e me faz mais mimo que a seu próprio filho. Contudo (replicou o Lobo) melhor estarás com tua mãe. Bem estou aqui (disse o Cordeiro) não quero provar ventura, que por bem que me suceda, não deixará o pastor de me tirar o velho, e ficarei morrendo de frio.

É melhor ficar com o certo do que o duvidoso.

O HOMEM POBRE E A COBRA

Um homem pobre costumava afagar e dar de comer a uma Cobra, que em sua casa trazia; e enquanto assim o fez, tudo lhe ia por diante. Depois, por certa agastadura, fez-lhe uma grande ferida. E vendo que tomava a empobrecer, com muitas palavras e humildade lhe pediu perdão. Respondeu a Cobra: - Eu de boamente te perdoo, mas não te há-de isto prestar para deixares de ser pobre; que esta ferida sempre me há-de doer, e sempre há-de estar pedindo vingança de ti.

O perdão nem sempre cicratiza a ferida.

O ASNO E O LEÃO

Encontrando-se em um caminho o Asno com o Leão, lhe disse: - Subamos a um outeiro, que quero que vejas os muitos animais, que hão medo de mim. Riu-se o Leão e foi com ele. Zurrou o Asno, e fez fugir grande número de lebres, coelhos, zorras e outros semelhantes. Disse-lhe então: - Que te parece? Vês este medo com que fogem de mim? Fogem de ti (respondeu o Leão) os fracos, que são os que cobram medo de ouvir bradar; mas eu sem brados desfaço às mãos os mais valentes; pelo que de nenhum, nem de ti tenho temor.

Nem sempre os que bradam são os mais perigosos.

A GRALHA E A OVELHA

Uma Gralha ociosa pousou sobre o pescoço da Ovelha, e ali a repelava, e lhe tirava a lã, picando-a por entre ela. Virou a Ovelha o rosto, dizendo: - Esta manha ruim e antiga havereis de deixá-la esquecer, que podeis ir picar um rafeiro no pescoço e matar-vos-á levemente. Respondeu a Gralha: - Já sou velha, e muito feia e conheço a quem posso agravar e a quem devo afagar. Não temas que me ponha no pescoço do cão, senão no teu, que me não podes fazer mal.

Aproveitadores dos mais fracos.

O BOI E O VEADO

Por fugir o Veado de um caçador, se acolheu à vila, e entrando medroso em uma estrebaria, achou o Boi, a quem perguntou - se podia esconder-se ali. Disse o Boi, que era muito certo o morrer e que antes devera tornar-se ao mato, e contudo o escondeu, e o cobriu de palha. Veio o dono da estrebaria e olhando por ele, viu as pontas do Veado. Foi descobri-lo, e achou o que era. Mas disse-lhe: Já que de tua vontade vieste à minha casa, não te quero matar, senão defender e fazer muitos mimos.

Deve-se acolher e socorrer os mais fracos.

O HOMEM E O LEÃO

Andando o Leão à caça, meteu um estrepe no pé, com que não podia bulir-se. Encontrou um homem e mostrou-lhe para que lho tirasse. Fê-lo assim o homem, e o Leão em paga partiu da caça com ele. Dali a muito tempo foi tomado este Leão para certas festas e nelas se lançavam homens para que os matassem. Entre eles lhe lançaram este que o curou, que estava preso por algumas culpas. Porém o Leão não só o não matou, antes se pôs em sua guarda, e o acompanhou toda a vida, caçando para ele.

Reconhecer um favor com outro.

O LOBO E A RAPOSA

O Lobo se aparelhou e proveu sua cova muito bem de mantimento. A Raposa chegou e disse, que obrigada de amor andava atrás dele, por vê-lo e servi-lo. Não quero o teu serviço, (disse o Lobo) que tua intenção não é senão roubar-me e comeres-me o que eu tenho. Vendo-se a Raposa alcançada, buscou quem matasse o Lobo, e meteu-se de posse da sua cova, e de quanto estava nela, mas sobrevindo uns caçadores, foi achada dos cães e feita em pedaços.

Prejudicar os outros pode custar caro.

O LEÃO E OUTROS ANIMAIS

Eleito o Leão rei de todos os animais, prometeu de a nenhum fazer mal. E logo chamando-os a cortes, os pôs por ordem, e corria-os, dando-lhes a cheirar o seu bafo. Os que diziam que lhes cheirava mal, os matava. Os que diziam que bem, feria-os. Andando assim, chegou à Mona, e perguntou-lhe, como a todos, se lhe fedia o bafo. A Mona o cheirou, e dizendo que não fedia, se foi. Porém o Leão, per a matar, se fingiu doente, e disse que sararia se a comesse. E por esta manha tomou ocasião de a matar.

Não há argumento e muito menos mentiras

perante os poderosos.

O VEADO E O CAÇADOR

Bebendo o Veado em uma ribeira, viu nos seus cornos ramos e as pernas delgadas, pareceram-lhe as pernas mal, e ficou pesaroso de as ter, e por outra parte tão satisfeito da formosura dos cornos, que se fez soberbo de contente. Ainda bem não saía da água, quando dá sobre ele um Caçador. Foi-lhe forçado valer-se dos pés, que pouco antes desprezara, e eles o punham em salvo. Mas entrando por um arvoredo basto, embaraçavam-se-lhe os cornos com os ramos das árvores, com que se embaraçou e foi tomado. Pelo que dizia, vendo-se preso e ferido.

Grande parvo fui; que o que me era bom desestimei,

fazendo muito caso do que me causou a morte.

A BICHA E A LIMA

Buscando a Bicha de comer na tenda de um ferreiro, foi topar com uma lima e quis roê-la, mas como os dentes não entravam pelo aço, dava-lhe muitas voltas virando-a de todas as bandas. Enfadada a Lima de andar aos tombos, lhe disse: Que fazes, parva? Não sabes que sou de ferro, e lima? Por muito que trabalhes desfarás os dentes; eu com os meus de aço bem temperado, cortarei dentes e qualquer arma a quem chegar, em pouco tempo.

NOTA - É a Fábula 28 de Loqman: O Gato. Eis a sua versão do árabe por Joseph Benoliel: «Um gato entrou uma vez na oficina de um ferreiro, e encontrando uma lima caída, pôs-se a lambê-la com a língua. Ora começou a correr-lhe sangue da língua e como ele julgasse que era da lima foi-o engolindo, e continuou até que se lhe fendeu a língua e morreu.» (Op. cit., p. 85.).

Pode-se morrer pela ganância.

OS CARNEIROS E O CARNICEIRO

Estando juntos uns Carneiros, entrou o Carniceiro, e eles não se alvoroçaram, nem fizeram caso disso. Tomou o Carniceiro um e logo o matou; e nem com ver sangue temeram os outros. Foi por diante e os matou a todos um a um até o derradeiro, que, vendo-se manietado, disse: - Por certo, com razão padecemos, pois vendo o nosso mal não quisemos entendê-lo. No princípio às marradas nos poderíamos defender, vendo que nos matavam, então não quisemos; agora eu só não posso: e assim acabámos todos.

Em muitos casos deve-se cortar o mal pela raiz.

O LOBO E O ASNO DOENTE

Estava o Asno mal-disposto, e foi o Lobo visitá-lo, fazendo-se muito amigo. Tomou-lhe o pulso, correu-lhe a mão pelo rosto e disse: que queria curá-lo. Estava o Asno quedo, bem desejoso de se ver a cem léguas do Lobo, o qual lhe apalpava os membros todos: perguntou onde lhe doía, e apertava-o e arrepelava-o tanto, que disse o Asno: - Onde quer que me pões a mão, logo aí me dói; mas rogo-te que te vás e não me cures, que ido tu, sararei logo.

Diante do perigo é melhor fugir.

A PULGA E O CAMELO

Pôs-se uma Pulga sobre um Camelo carregado, e deixou-se ir sobre a carga uma jornada, no fim da qual saltou abaixo, e sacudindo-se, disse: - Folgo em verdade de me descer: porque tinha dó de ti; agora irás leve com pouca carga. O Camelo se riu deste cumprimento e respondeu: - Nunca te senti se te levava em cima, nem tu podes carregar-me nem aliviar-me; que não tens peso para isso. A carga que eu levo, essa sinto. Tu não tens peso para te sentirem.

Querer ser importante quando não é.

O CAÇADOR E AS AVES

Consertava um pobre Caçador as varas do visco; e as Aves olhando, estavam cantando à sombra das árvores e gabando-o de benfeitor e primoroso. Um pássaro já experimentado lhes disse aos outros: - Fujamos logo todos, porque este que vedes, não quer mais que enviscar-nos e prender-nos. Andemos pelo ar, até ver o que acontece a outra; porque este e todos como ele, quantos de nós houverem às mãos, ou lhes torcem o pescoço, ou lho cortam, e mortos, ou presos nos metem em sua taleiga.

Diante do perigo é melhor ir embora.

O BUITRE E MAIS PÁSSAROS

O Buitre convidou a banquete todas as outras aves, dizendo que queria solenizar o seu natal. Vieram muitas delas e recolhendo-as todas em um aposento, depois que foram horas de cear, como todas estivessem assentadas esperando, vem o Buitre e cena as portas, e começa a matá-las a uma e uma. Todas com medo avoejavam, por não haver alguma que se atrevesse com ele. E enfim ele sem piedade as matou, porque para isso as convidou ou ao menos para as pilhar.

Falsos convites com segundas intenções.

A RAPOSA E O LEÃO

Fingindo-se o Leão enfermo, visitavam-no os outros animais; e de quantos entravam na cova, nenhum deixava sair. Eles obedeciam como a rei, mas o Leão a um e um os comia todos. Por derradeiro chegou a Raposa à porta da cova e perguntou-lhe: - como estava? Respondeu o Leão, - porque não entrava a vê-lo? Respondeu a Raposa - que não era necessário, que devia estar a casa cheia de gente; que ela via muitas pegadas dos que entravam, e nenhuma de que saíssem para fora.

A prudência é muito importante na vida.

O CARNEIRO GRANDE E OS PEQUENOS

Três Carneiros moços e um marroco andavam passando. Saiu o velho correndo e fugindo. Os outros estavam pasmados, sem saber a causa, e como não entendiam seu perigo, riam-se do medo, e fugida do marroco, o qual vendo-os escarnecer-lhes, disse: - Vós sois loucos e ignorantes; não vedes que quando vem o carniceiro sempre mata os maiores? Eu por isso fujo. Mas quando ele vier e vos matar, pesar-vos-á de terdes escarnecido e esperado.

Não rir das atitudes dos mais velhos

O LEÃO E O HOMEM

O Homem com o Leão altercavam sobre qual era mais valente. O Homem, para provar sua tensão, o levou a um sepulcro, onde estava de pedra um homem afogando um Leão, que tinha debaixo de si. O Leão se riu de ver isto, dizendo: - Se não fora homem o que isto aqui pôs, pudera ter algum crédito, mas sendo homem é suspeito. Portanto, deixemos pinturas e provemos isto pelo braço. E logo isto dito estendeu o Homem no chão, e o matou com muita facilidade.

NOTA - E entre as fábulas de Loqman, a 7ª; ei-la traduzida do árabe: «Um Leão e um Homem iam uma vez em sociedade pelo caminho. Puseram-se ambos a conversar, e travaram uma contenda a respeito da força e do valor do ânimo. O Leão insistia na ponderação da sua força e da sua valentia. Nessa ocasião avistou o homem, numa parede, um quadro representando o homem a estrangular um leão, e pôs-se a rir. Então o Leão lhe disse: - Na verdade, se os leões soubessem pintar como os filhos de Adão, não seria o homem que afogaria o leão, mas o leão que afogaria o homem.» (Op. cit. p. 27).,que por se vingarem de seus inimigos, cada um entregou seus amigos à morte.

Uma pintura abstrata não traduz a verdade.

O CÃO E O SEU DONO

Um Cão de um Hortelão chegou ao poço, e como em baixo viu sua figura, começou a afeiçoá-la; e tanto fez, e buliu, que caiu no poço. Andava o Cão meio afogado, e o Hortelão com dó dele desceu abaixo junto da água, para o tirar, e como lhe pegasse, o Cão lhe meteu os dentes no braço, e o atravessou: o Hortelão o largou com a dor, e o Cão daí a pouco afogou-se.

Moralidade

Per este Cão se entende o pecador, que quando alguém com bons conselhos o quer tirar do poço dos pecados, vira-se e morde-o com afrontas de obras; mas o que ganha o tal é que seu ajudador o larga, e se Deus não lhe acode afoga-se, e acaba em seus vícios, para ir começar a pagá-los no Inferno.

A RAPOSA E O LEÃO

Tinha a Raposa sua cova bem fechada, e estava-se dentro gemendo, porque estava enferma; chegou à porta um Leão, e perguntou-lhe como estava, e que lhe abrisse, porque a queria lamber, que tinha virtude na língua, e ele lambendo-a, logo havia de sarar. Respondeu a Raposa de dentro: Não posso abrir, nem quero: creio que tem virtude a tua língua; porem é tão má vizinhança a dos dentes, que lhe tenho grande medo, e portanto quero antes sofrer-me com meu mal.

Moralidade

Avisa-nos esta raposa, que quando nos oferecem alguma obra boa, notemos as circunstâncias dela, que às vezes são tais, que custam muito mais do que vale a obra pia.

(Manuel Mendes)

O LOBO ESFAIMADO

Passando um lobo esfaimado por uma casa, ouviu chorar dentro um menino, e lhe dizia a mãe: - Se choras, hei-de-te dar ao lobo. Este, parecendo-lhe ser aquilo assim, esperou um pouco; porém vendo que, sossegando-se o menino, a mãe, fazendo-lhe carícias, lhe dizia: Se vier o lobo havemos matá-lo, uivando partiu dali, dizendo: Esta diz uma cousa, e faz outra!

Há muitos cobiçosos, que cegos da sua utilidade,

esperam cousas impossíveis

(Marques Soares, Divertimento de Estudiosos, t. II, p. 62)

AS DUAS RÃS

Duas Rãs, que se achavam em um charco, secando-se este com o calor do Verão, foram em busca de outro, e achando no caminho um poço, disse uma: Parece-me que entremos para ele. Respondeu-lhe a outra com mais acerto: Por nenhum modo farei tal; porque secando-se esta água, como a outra, não poderemos sair.

É oficio do sábio prever e evitar os futuros danos.

(Id. ib., p. 64)

O CAÇADOR E A REDE

Estendia um Caçador suas redes. Um Melro, que o viu, perguntou-lhe o que fazia. Respondeu-lhe o Caçador, que edificava uma cidade; e acabando de espalhar as redes, escondeu-se. O Melro, dando-lhe crédito, chegou-se para ver o novo edifício, e caiu na rede. Saiu o Caçador para apanhá-lo, e o Melro lhe disse mui indignado:

Homem falso, e enganador, se assim edificas tal cidade, poucos habitadores lhe acharás.

(Id. ib., p. 135)

LOBO MORDIDO PELO CÃO

Sendo um Lobo mordido gravemente por um Cão, estava estirado na terra, em se poder erguer. Vendo passar uma Ovelha, pediu-lhe, que lhe trouxesse uma pouca de água de um rio, que por ali corria, dizendo-lhe, que, se lhe dava de beber, ele lhe daria de comer. Entendeu a Ovelha ser aquilo assim; trouxe-lhe de beber, e contra sua vontade também de comer.

A malícia faz grande dano aos simples.

(Id. ib., p. 136)

A RAPOSA E O CACHO DE UVA

Forçada pela fome, uma raposa tentava apanhar um cacho de uva, numa alta videira, saltando com todas as forças.

Como não conguisse alcançá-lo, disse, afastando-se:

- Ainda não estão maduras, não quero apanhá-las verdes.

Aqueles que desdenham com palavras o que não

conseguem realizar deverão aplicar para si este exemplo.

O HOMEM QUE FOI MORDIDO POR UM CÃO

Um homem foi mordido por um cão. Com medo foi procurar alguém que o tratasse.

Um amigo deu-lhe o seguinte conselho;

- Molha um pouco de pão no sangue da tua ferida e dá-o ao cão que te mordeu. Verás que te curas num instante.

O homem que tinha sido mordido riu-se do tratamento e respondeu:

- Se fizesse o que me dizes, estaria a convidar todos os cães a morderem-me.

Não recompenses quem procedeu mal, pois, assim,

incitas a que faça ainda pior.

O HOMEM E O PORCO

Um homem carregou um dia num jumento, um carneiro, uma cabra e um porco, e foi vendê-los à cidade. O carneiro e a cabra não se agitaram nem se mexeram sobre o animal; quanto ao porco, esse debatia-se de contínuo e não podia estar quieto. Disse-lhe o homem:

- Ó tu, o pior dos animais, porque é que o carneiro e a cabra estão calados e sossegados, ao passo que tu nem te acalmas nem te aquietas?

- Ó meu amo, respondeu o porco, cada um porta-se conforme o que mais lhe convém.

Ora, eu sei que o carneiro é procurado pela sua lã, e a cabra pelo seu leite; enquanto que eu, infeliz de mim! sem lã e sem leite, apenas chegar à cidade, logo serei mandado matar, sem a menor dúvida. (Fábulas de Loqman, p. 56. Lisboa, Imprensa Nacional, 1898.)

João de Deus metrificou esta fábula com extraordinário relevo artístico, tornando-a uma bela obra de arte. Na versificação varia o âmbito dos versos nos seus hemistíquios quebrados, fazendo dessa polimetria modulações de um grande poder dramático e descritivo.

Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português.

QUEIXUMES DO PORCO

(Versão da ilha da Madeira)

Fui chamado à cidade

No mês do Natal um dia,

Pera eu feitorizar

Grande casa morgadia:

E levei, p'ra meu negócio,

Uma cabra, sua cria,

Um porco e um carneiro,

Comigo de companhia.

Vai o porco vagaroso,

Arrastado bem par'cia;

Todos os mais vão calados,

Só o porco se carpia;

Os gemidos que ele dava

A cabra não os sofria:

Cal'-te porco. Porque choras?

(A cabra ao porco dizia)

Vês o carneiro calado,

Eu calada também ia;

O filho que vai comigo

Nem de mamar me pedia.

Pára tu já de grunhir,

Que ninguém te sofreria

Por tão longa caminhada

Tão seguida gritaria.

O porco, sem se calar,

Estas razões respondia

Cada qual conta da festa

Como na festa lhe iria.

Vocês vão viver no pasto

Com farta comedoria,

O carneiro, p'ra dar lã,

E tu, leite cada dia:

Mas cá eu, só dou toicinhos,

Só minhas carnes daria;

Tenho meus dias contados,

Só me espera a agonia.

Tinha o porco razão.

Quem também não chiaria?

Pela festa do Nata

O triste porco morria.

(Romanceiro do Arquipélago da Madeira, p. 452)

NOTA - Nas fábulas de Loqman,

vertidas do árabe em português, pelo exímio hebraizante Joseph Benoliel, vem esta lição primitiva:

A BORBOLETA

Estava sentada em uma sala de um hotel, um lugar tranquilo rodeado de flores. E eu estava vendo uma desesperada luta entre a vida e a morte, acontecendo com uma borboleta que gastava as suas últimas energias tentando voar para fora da sala: tentava inutilmente voar através do vidro da vidraça. É triste contar a comovente história da estratégia da borboleta: ela insiste, mas não funciona, pois os seus desesperados esforços não oferecem nenhuma esperança para a sua sobrevivência. Ironicamente, a luta é parte da armadilha. É impossível para a borboleta, mesmo tentando arduamente, conseguir ter sucesso, ou seja, quebrar o vidro. No entanto, esse pequeno inseto apostou sua vida para alcançar seu objetivo através da determinação de um esforço errado.

Esta borboleta está condenada. Ela vai morrer lá no peitoril da janela. Do outro lado da sala, há alguns metros a porta está aberta. Dez segundos de tempo de voo e esta pequena criatura poderia alcançar o mundo exterior que tanto procura. Com apenas um pequeno esforço, que agora está sendo desperdiçado, poderia estar livre desta armadilha que ela mesma criou. A possibilidade da descoberta está lá. Seria tão fácil. Por que não tentar voar com uma outra abordagem, algo radicalmente diferente? Como é que ela ficou tão obstinada com a idéia de que este específico trajeto lhe oferece a melhor oportunidade para o sucesso?

Que lógica há em continuar até a morte buscando uma solução para o meu problema? Sem dúvida, esta abordagem faz sentido. Mas, lamentavelmente, é uma idéia que vai matá-la. Tentar a coisa mais difícil não é, necessariamente, a solução mais eficaz. Esta visão não oferece qualquer promessa real de conseguir o que se quer da vida. Às vezes, na verdade, é uma grande parte do problema. Se você aposta todas as suas esperanças numa única alternativa, você pode matar as suas chances de sucesso.

Autor desconhecido

A ÁGUIA E O PARDAL

O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza... Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande águia a sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:

- Por que estás a me vigiar, Andala?

- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.

- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas?

- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho.

O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:

- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo o dia a observar-te.

- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.

- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...

- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!

E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:

- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha!

A ÁGUIA DOURADA

Um homem encontrou um ovo de águia e o colocou debaixo da galinha que chocava seus ovos no quintal.

Nasceu uma aguazinha com os pintos e com eles crescia normalmente.

Durante todo o tempo a águia fazia o mesmo que faziam os pintinhos, convencida de que era igual a eles.

Ciscava, ia ao chão buscando insetos e pipilava como fazem os pintos, e como eles, também batia as asas conseguindo voar um metro ou dois porque, afinal de contas, é só isso que um frango pode voar, não é verdade?

Passam anos e a águia ficou velha...

Certo dia, ela viu, riscando o espaço, num céu azul, uma ave majestosa, planando, no infinito, graciosa, levada, docemente, pelo vento sem nem sequer bater a asa dourada.

A águia do chão olhou-a com respeito e logo, perguntou ao seu amigo:

"Que tipo de ave é aquela que lá vai"?

"É uma águia! É rainha", diz-lhe o amigo, mas é bom não olhar muito para ela pois nós somos de raça diferente, simples frangos do chão e nada mais.

Daí por diante, então, a pobre da águia nunca mais pensou nisso, até morrer convencida de ser uma simples galinha.

A ARANHA

Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo

O homem, correndo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira

"Deus Todo Poderoso fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem !!!

Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.

A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha.

O homem se pôs a fazer outra oração cada vez mais angustiado:"Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha."- "Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar..."

Abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia

Estavam os malfeitores entrando na trilha, na qual ele se encontrava esperando apenas a morte.

Quando passaram em frente da trilha o homem escutou :

"Vamos, entremos nesta trilha!"

"Não, não está vendo que tem até teia de aranha!? Nada entrou por aqui.

Continuemos procurando nas próximas trilhas".

A CABRA E O ASNO

Uma cabra e um asno comiam ao mesmo tempo no estábulo. A cabra começou a invejar o asno porque acreditava que ele estava melhor alimentado, e lhe disse:

- Tua vida é um tormento inacabável. Finge um ataque e deixa-te cair num fosso para que te deem umas férias.

Aceitou o asno o conselho, e deixando-se cair, machucou todo o corpo.

Vendo-o, o amo chamou o veterinário e pediu um remédio para o pobre. Prescreveu o curandeiro que o asno necessitava de uma infusão com o pulmão de uma cabra, pois era muito eficiente para devolver o vigor. Para isso então degolaram a cabra e assim curaram o asno.

Moral da Estória: Em todo plano de maldade, a vítima principal sempre é seu próprio criador.

Esopo

A COBRA E O VAGALUME

Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vaga-lume que só vivia para brilhar.

Ele fugia rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir.

Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada...

No terceiro dia, já sem forças o vaga-lume parou e disse à cobra:

- Posso fazer três perguntas?

- Não costumo abrir esse precedente para ninguém mas já que vou te comer mesmo, pode perguntar...

- Pertenço a sua cadeia alimentar?

- Não.

- Te fiz alguma coisa?

- Não.

- Então por que você quer me comer?

- Porque não suporto ver você brilhar...

Pense nisso e selecione as pessoas em quem confiar.

Esopo

A CORUJA E A ÁGUIA

Conta uma fábula portuguesa que a coruja encontrou a águia, e disse-lhe:

- Ó águia, se vires uns passarinhos muito lindos em um ninho, com uns biquinhos muito bem feitos, olha lá, não os coma, que são os meus filhos!

A águia prometeu-lhe que não os comeria; foi voando e encontrou numa árvore um ninho, e comeu todos filhotes. Quando a coruja chegou e viu que lhe tinham comido os filhos, foi ter com a águia, muito aflita:

- Ó águia, tu foste-me falsa, porque prometeste que não me comias meus filhinhos, e mataste-os todos!

Diz a águia:

- Eu encontrei uns pássaros pequenos num ninho, todos depenados, sem bico, e com os olhos tapados, e comi-os; e como tu me disseste que os teus filhos eram muito lindos e tinham os biquinhos bem feitos entendi que não eram esses.

- Pois eram esses mesmos, disse a coruja.

- Pois então queixa-te de ti, que é que me enganaste com a tua cegueira.

Essa fábula é atribuída ao surgimento da expressão "mãe coruja" pois aos olhos das mães os filhos são sempre perfeitos e lindos, o coração de uma mãe é o lugar mais seguro do mundo e se precisar até sangra por um filho.

A ESCOLA DOS ANIMAIS

Certa vez, os animais decidiram que deveriam fazer algo heróico para resolver os problemas de "um novo mundo". Assim, organizaram uma escola.

Adotaram um currículo de atividades que compreendia corrida, alpinismo, natação e vôo. Para ministrar o currículo mais facilmente, todos os animais teriam todas as matérias.

O pato era excelente em natação, na verdade era até melhor que o seu instrutor, mas teve apenas notas satisfatórias em vôo e era bem ruim na corrida. Como era lento na corrida, precisou treinar depois das aulas e também abandonar a natação para praticar corrida. Continuou fazendo isso até seus pés palmados ficarem gravemente feridos e passou a ter um aproveitamento apenas regular em natação. Mas como regular era aceitável na escola, ninguém se preocupou com isso, a não ser o próprio pato.

O coelho começou como o melhor da classe em corrida, mas teve um colapso nervoso por causa de tantos treinos de natação.

O esquilo era excelente em alpinismo até ficar frustrado com seu aproveitamento nas aulas de vôo, quando sua professora mandou que partisse do chão para cima, e não do topo da árvore para baixo. Além disso, desenvolveu cãibras devido a uma estafa e então tirou um C em alpinismo e um D em corrida.

A águia era uma criança problema e foi severamente disciplinada. Na aula de alpinismo, venceu todos os outros em direção ao topo da árvore, mas insistiu em utilizar seu próprio caminho para chegar lá.

Ao final do ano, uma excepcional enguia que sabia nadar extremamente bem, além de correr, subir e voar um pouco, obteve a melhor média e foi a melhor da turma.

As marmotas ficaram fora da escola e protestaram contra as mensalidades, porque a administração não quis incluir escavação e construção de tocas no currículo. Matricularam seus filhos como aprendizes de um texugo e mais tarde juntaram-se aos porcos-da-terra e aos geômios para fundarem uma bem-sucedida escola particular.

Qual a moral da estória?

George H. Reavis Canja de galinha para a alma

Jack Canfield e Mark Victor Hansen - Ediouro

A FORMIGA E A POMBA

Uma formiga foi à margem do rio para beber água, e, sendo arrastada pela forte correnteza, estava prestes a se afogar.

Uma pomba que estava numa árvore sobre a água, arrancou uma folha, e a deixou cair na correnteza perto dela. A formiga, subiu na folha, e flutuou em segurança até a margem.

Pouco tempo depois, um caçador de pássaros, veio por baixo da árvore, e se preparava para colocar varas com visgo perto da pomba que repousava nos galhos alheia ao perigo.

A formiga, percebendo sua intenção, deu-lhe uma ferroada no pé. Ele repentinamente deixou cair sua armadilha, e isso deu chance para que a pomba voasse para longe a salvo.

O grato de coração sempre encontrará

oportunidades para mostrar sua gratidão.

A GALINHA

Numa granja uma galinha se destacava entre todas as outras por sua coragem, espírito de aventura e ousadia. Não tinha limites e andava por onde queria. O dono, porém, não apreciava estas qualidades e estava aborrecido com ela. Suas atitudes estavam contagiando as outras, que achavam bonito este modo de ser e já a estavam copiando.

Um dia o dono fincou um bambu no meio do campo, arrumou um barbante de aproximadamente 2 metros e amarrou a galinha a ele. Desse modo, de repente, o mundo tão amplo que a ave tinha foi reduzido a exatamente onde o barbante lhe permitia chegar. Ali, ciscando, comendo, dormindo, estabeleceu sua vida. Dia após dia acontecia o mesmo. De tanto andar nesse círculo, a grama que era verde foi desaparecendo e ficou somente terra. Era interessante ver delineado um círculo perfeito em volta dela. Do lado de fora, onde a galinha não podia chegar, a grama verde, do lado de dentro só terra.

Depois de um tempo o dono se compadeceu da ave, pois ela que era tão inquieta e audaciosa, havia se tornado uma pacata figura. Então cortou o barbante que a prendia pelo pé e a deixou solta. Agora estava livre, o horizonte seria limite, poderia ir onde quisesse. Mas, estranhamente, a galinha mesmo solta, não ultrapassava o limite que ela própria havia feito. Só ciscava e andava dentro do círculo, seu limite imaginário. Olhava para o lado de fora, mas não tinha coragem suficiente para se "aventurar" a ir até lá. Preferiu ficar do lado conhecido.

Com o passar do tempo, envelheceu e ali morreu. Quem sabe esta história traz à memória a vida de algum conhecido. Nasce livre, tendo somente seus desejos como limite, mas as pressões do dia-a-dia fazem com que aos poucos seus pés fiquem presos a um chão que se torna habitual pela rotina. Olha para além do limite, que ele mesmo cria, com grande desejo e alimentando fantasias a respeito do que lá possa haver. Mas não tem a coragem para sair e enfrentar o que é desconhecido. Diz: "Sempre se fez assim, para que mudar? Ou meu avô, meu pai sempre fizeram assim, como eu iria mudar agora?"

Há pessoas que enfrentam crises violentas em suas vidas, sem a coragem de ir à frente e tentar algo novo que seja capaz de tirá-las daquela situação. Admiram que tem a ousadia de recomeçar, porém, eles próprios, queixando-se e lamentando-se, buscam algum culpado e vão ficando no lugar, dentro do limite o qual só existe na sua imaginação.

As características do mercado sempre foram coroar com o reconhecimento aqueles que inovam, criam ou provocam situações que chamem a atenção. O segredo do sucesso está na criatividade. Criar significa pôr em prática alguma coisa que não existe. Arriscar significa correr risco de perdas. Isto é fato, mas como se poderá saber o final da história se não se caminha até o fim?

Autor desconhecido

A LIÇÃO DA BORBOLETA

Um homem, certo dia, viu surgir uma pequena abertura num casulo. Sentou-se perto do local onde o casulo se apoiava e ficou a observar o que iria acontecer, como é que a lagarta conseguiria sair por um orifício tão miúdo. Mas logo lhe pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso, como se tivesse feito todo o esforço possível e agora não conseguisse mais prosseguir. Ele resolveu então ajudá-la: pegou uma tesoura e rompeu o restante do casulo. A borboleta pôde sair com toda a facilidade... mas seu corpo estava murcho; além disso, era pequena e tinha as asas amassadas.

O homem continuou a observá-la porque esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e se estendessem para serem capazes de suportar o corpo que iria se firmar a tempo. Nada aconteceu! Na verdade a borboleta passou o restante de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Nunca foi capaz de voar.

O que o homem em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura eram o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo daquele pequenino inseto circulasse até suas asas para que ela ficasse pronta para voar assim que se livrasse daquele invólucro.

Algumas vezes o esforço é justamente aquilo de que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar através da existência sem quaisquer obstáculos, Ele nos condenaria a uma vida atrofiada. Não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nunca poderíamos alçar vôo.

Fonte: "Para que minha vida se transforme"-

Maria Salette e Wilma Ruggeri - Editora Verus

A MARIPOSA E A ESTRELA

Conta a lenda que uma jovem mariposa de corpo frágil e alma sensível voava ao sabor do vento certa tarde, quando viu uma estrela muito brilhante e se apaixonou.

Voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe que havia descoberto o que era o amor, mas a mãe lhe disse friamente: que bobagem! As estrelas não foram feitas para que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um poste ou um abajur e se apaixone por algo assim; para isso nós fomos criadas.

Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe e permitiu-se ficar de novo alegre com a sua descoberta e pensava: que maravilha poder sonhar!

Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, e ela decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela luz radiante e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu subir alguns metros acima do seu vôo normal. Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar chegando à estrela, então armou-se de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu amor.

Esperava com ansiedade que a noite descesse e, quando via os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas em direção ao firmamento.

Sua mãe ficava cada vez mais furiosa e dizia: estou muito decepcionada com a minha filha. Todas as suas irmãs e primas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpadas! Você devia deixar de lado esses sonhos inúteis e arranjar um amor que possa atingir.

A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia, resolveu sair de casa. Mas, no fundo, como, aliás, sempre acontece, ficou marcada pelas palavras da mãe e achou que ela tinha razão.

Por algum tempo, tentou esquecer a estrela, mas seu coração não conseguia esquecer a estrela e, depois de ver que a vida sem o seu verdadeiro amor não tinha sentido, resolveu retomar sua caminhada em direção ao céu.

Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas, quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza. Entretanto, à medida que ia ficando mais velha, passou a prestar atenção a tudo que via à sua volta.

Lá do alto podia enxergar as cidades cheias de luzes, onde provavelmente suas primas e irmãs já tinham encontrado um amor, mas, ao ver as montanhas, os oceanos e as nuvens que mudavam de forma a cada minuto, a mariposa começou a amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo.

Muito tempo depois resolveu voltar à sua casa e aí soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs e primas tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas pelo amor que julgavam fácil.

A mariposa, embora jamais tenha conseguido chegar à sua estrela, viveu muitos anos ainda, descobrindo que, às vezes, os amores difíceis e impossíveis trazem muito mais alegrias e benefícios que aqueles amores fáceis e que estão ao alcance de nossas mãos.

Com esta lenda aprendemos duas coisas: valorizar o amor e lutar pelos nossos sonhos, porque sabemos que é a realização deles que nos faz feliz e lembremos:

O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem

de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos.

Autor desconhecido

A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.

Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.

"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".

E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.

"- Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes."

E de novo começavam as estórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.

Mas chegava sempre uma hora de tristeza.

"- Tenho que ir", ele dizia.

"- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".

"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro.

- Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar."

Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.

"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".

Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.

Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.

Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.

Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.

"- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias... Sem a saudade, o amor irá embora..."

A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente.

Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.

E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...

Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".

"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...".

E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.

"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".

E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...

"- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje..."

Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.

Ah! Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...

E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento:

"- Quem sabe ele voltará amanhã..."

E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Rubem Alves

A OSTRA

Gina era uma ostra que vivia no fundo do oceano. Morava dentro de duas conchas que lhe serviam de proteção contra animais predadores. Achava sua vida muito boa, passeava pelo oceano, conhecendo lugares maravilhosos e, quando sentia fome, bastava abrir suas conchas e esperar que algumas algas marinhas se acomodassem no seu interior.

Um dia, quando Gina se alimentava de algas, um grão de areia aproveitou a oportunidade e se alojou no seu delicado corpo. Ao sentir aquele corpo estranho dentro de si, tentou expulsá-lo. Abriu novamente suas conchas para que ele saísse naturalmente. O esforço porém foi em vão, pois o grão de areia havia se agarrado fortemente ao seu corpinho. Percebendo que não havia a menor possibilidade de se livrar do intruso, Gina procurou outra solução. Foi quando teve a idéia. "Já que não é possível o grão sair da minha casa, preciso descobrir uma maneira de conviver bem com ele".

Assim, Gina produziu um invólucro para o grão e descobriu uma forma de sua aspereza não mais incomodá-la. A partir de então, gerou-se dentro da ostra uma pedra lisa e brilhante.

Certo dia, quando Gina abriu suas conchas para se alimentar, um pescador que passava por ali, notou a linda pedra no seu interior e delicadamente a retirou dali. Maravilhado com a delicadeza da pedra, batizou-a com o nome de "pérola" levando-a de presente para sua esposa.

Assim Gina pode livrar-se do intruso.

Transformou algo que a incomodava em um delicado presente, que hoje todos admiram.

A OSTRA E A PÉROLA

"Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas."

Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia.

Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, as células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.

Como resultado, uma linda pérola vai se formando.

Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

O mesmo pode acontecer conosco. Se você já sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém? Já foi acusado de ter dito coisas que não disse? Suas idéias já foram rejeitadas ou mal interpretadas? Você já sofreu o duro golpe do preconceito? Já recebeu o troco da indiferença?

Então, produza uma pérola !

Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR.

Infelizmente, são poucas as pessoas que se interessam por esse tipo de movimento.

A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos, mágoas, deixando as feridas abertas e alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e, portanto, não permitindo que cicatrizem.

Assim, na prática, o que vemos são muitas "Ostras Vazias", não porque não tenham sido feridas, mas porque não souberam perdoar, compreender e transformar a dor em amor.

Um sorriso, um olhar, um gesto, na maioria das vezes,

vale mais do que mil palavras.

Autor desconhecido

A RAPOSA E O LENHADOR

Existiu um lenhador que acordava as 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite.

Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.

Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho.

Todas as noites ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.

Os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança. O lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:

- "Lenhador abra os olhos! A raposa vai comer seu filho."

- "Quando sentir fome, comerá seu filho! "

Um dia o Lenhador muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários - ao chegar em casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensangüentada.

O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou o machado na cabeça da raposa.

Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no berço dormindo tranqüilamente e ao lado do berço uma cobra morta.

O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.

A SERPENTE

Certa vez um caçador passava por uma mina quando viu uma serpente presa sob uma pedra enorme. Ao vê-lo a serpente pediu:

- Por favor, ajude-me. Levante a pedra.

- Não posso ajudar você, pois vai me devorar com certeza - respondeu o caçador.

O réptil tornou a pedir ajuda, prometendo ao homem que não o comeria. Ele então libertou a serpente, que logo fez um movimento em sua direção como se fosse atacá-lo.

- Você não prometeu que não me comeria se a ajudasse? - perguntou o homem.

- Fome é fome - respondeu-lhe a serpente.

- Mas - disse o caçador - se você faz alguma coisa errada que tem a fome a ver com isso?

O homem então sugeriu que submetessem o assunto à opinião de outros. Entraram no bosque, onde encontraram um cachorro. Perguntaram-lhe se achava que a serpente devia comer o homem.

- Uma vez pertenci a um homem - disse o cão. - Ele caçava lebres e sempre me dava a melhor carne para comer. Agora que estou velho, e nem posso apanhar uma tartaruga, ele quer me matar. Assim como recebi mal em troca de bem, a serpente deveria fazer a mesma coisa. Declaro que ela deveria comer você.

- Você ouviu sua sentença - disse a serpente ao homem.

Decidiram porém que ouviriam três opiniões e não apenas uma, e seguiram adiante. Pouco depois encontraram um cavalo e lhe pediram que julgasse o caso.

- Acho que a serpente deveria comer o homem - disse o cavalo, e continuou: - Certa vez tive um amo. Ele me alimentou enquanto eu podia viajar. Agora que estou fraco, e não posso executar minhas tarefas, ele quer me matar.

- Já temos dois juízos unânimes - disse a serpente.

Um pouco mais adiante cruzaram com uma raposa.

- Cara amiga - disse o caçador, - preciso da sua ajuda. Estava passando por uma pedreira quando vi esta enorme serpente às portas da morte, presa sobre uma rocha. Pediu-me que a libertasse; fiz o que pedia, e agora ela quer me comer.

- Se devo dar minha opinião - respondeu a raposa, - voltemos ao lugar do ocorrido para analisar a situação de modo mais real.

Voltaram a pedreira, e a raposa, para reconstituir os fatos, pediu que a pedra fosse colocada em cima da serpente. Assim foi feito.

- Era assim que você estava? - perguntou a raposa.

- Sim - respondeu a serpente.

- Muito bem - disse a raposa. - Ficará assim pelo resto da vida.

Do livro: Histórias da Tradição Sufi - Editora Dervish

A TARTARUGA TAGARELA

Era uma vez uma tartaruga que vivia num lago com dois patos, muito seus amigos. Ela adorava a companhia deles e conversava até cansar. A tartaruga gostava muito de falar. Tinha sempre algo a dizer e gostava de se ouvir dizendo qualquer coisa.

Passaram muitos anos nessa feliz convivência, mas uma longa seca acabou por esvaziar o lago. Os dois patos viram que não podiam continuar morando ali e resolveram voar para outra região mais úmida. E foram dizer adeus à tartaruga.

- Oh, não, não me deixem! Suplicou a tartaruga. - Levem-me com vocês, senão eu morro!

- Mas você não sabe voar! - disseram os patos. - Como é que vamos levá-la?

- Levem-me com vocês! Eu quero ir com vocês! - gritava a tartaruga.

Os patos ficaram com tanta pena que, por fim, tiveram uma idéia.

- Pensamos num jeito que deve dar certo - disseram - se você conseguir ficar quieta um longo tempo. Cada um de nós vai morder uma das pontas de uma vara e você morde no meio. Assim, podemos voar bem alto, levando você conosco. Mas cuidado: lembre-se de não falar! Se abrir a boca, estará perdida.

A tartaruga prometeu não dizer palavra, nem mexer a boca; estava agradecidíssima! Os patos trouxeram uma vara curta bem forte e morderam as pontas; a tartaruga abocanhou bem firme no meio. Então os patos alçaram vôo, suavemente, e foram-se embora levando a silenciosa carga.

Quando passaram por cima das árvores, a tartaruga quis dizer: "Como estamos alto!" Mas lembrou-se de ficar quieta.

Quando passaram pelo campanário da igreja, ela quis perguntar: "O que é aquilo que brilha tanto?" Mas lembrou-se a tempo de ficar calada.

Quando passaram sobre a praça da aldeia, as pessoas olharam para cima, muito espantadas.

- Olhem os patos carregando uma tartaruga! - gritavam. E todos correram para ver.

A tartaruga bem quis dizer: "E o que é que vocês tem com isso?"; mas não disse nada. Ela escutou as pessoas dizendo:

- Não é engraçado? Não é esquisito? Olhem! Vejam!

E começou a ficar zangada; mas ficou de boca fechada. Depois, as pessoas começaram a rir:

- Vocês já viram coisa mais ridícula? - zombavam.

E aí a tartaruga não agüentou mais. Abriu a boca e gritou:

- Fiquem quietos, seus bobalhões...!

Mas, antes que terminasse, já estava caída no chão. E acabou-se a tartaruga tagarela.

Moral da história: Há momentos na vida

que é melhor ficar de boca fechada.

A TESE DO COELHO

Num dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca, com o "notebook" e pôs-se a trabalhar, bem concentrado. Pouco depois passou por ali uma raposa, e viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar. No entanto, ela ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:

- Coelhinho, o que você está fazendo aí, tão concentrado?

- Estou redigindo a minha tese de doutorado, disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.

- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?

- Ah, é uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas. A raposa ficou indignada:

- Ora!!! Isso é ridículo!!! Nós é que somos os predadores dos coelhos!

- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu te mostro minha prova experimental.

O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois... silêncio. Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma aos trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho trabalhando naquela concentração toda e resolve então saber do que se trata aquilo tudo, antes de devorar o coelhinho:

- Olá, jovem coelhinho. O que o faz trabalhar tão arduamente?

- Minha tese de doutorado, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se conteve com a petulância do coelho:

-Ah! Ah! Ah! Ah! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isto é um despropósito. Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...

- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me a minha toca? O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouvem-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível e volta ao trabalho de redação da sua tese, como se nada tivesse acontecido. Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme LEÃO, satisfeito, bem alimentado, palitando os dentes.

Moral da história:

1. Não importa quão absurdo seja o tema de sua tese;

2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;

3. Não importa se os seus experimentos nunca cheguem a provar sua teoria;

4. Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos;

5. O que importa é: Quem está apoiando a sua tese.

A TRILHA DO BEZERRO

Certo dia, um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem para voltar a seu pasto. Sendo um animal irracional, abriu uma trilha tortuosa... cheia de curvas... subindo e descendo colinas.

No dia seguinte, um cão que passava por ali usou essa mesma trilha torta para atravessar a floresta. Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que fez seus companheiros seguirem pela trilha torta.

Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho: entravam e saíam, viravam a direita, à esquerda, abaixando-se, desviando-se de obstáculos, reclamando e praguejando até com um pouco de razão... mas não faziam nada para mudar a trilha.

Depois de tanto uso, esta acabou virando uma estradinha onde os pobres animais se cansavam sob cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida em, no máximo, uma hora, caso a trilha não tivesse sido aberta por um bezerro.

Muitos anos se passaram e a estradinha tornou-se a rua principal de um vilarejo e, posteriormente, a avenida principal de uma cidade .

Logo, a avenida transformou-se no centro de uma grande metrópole, e por ela passaram a transitar diariamente milhares de pessoas, seguindo a mesma trilha torta feita pelo bezerro centenas de anos antes... Os homens têm a tendência de seguir como cegos pelas trilhas de bezerros de suas mentes, e se esforçam de sol a sol a repetir o que os outros já fizeram. Contudo, a velha e sábia floresta ria daquelas pessoas que percorriam aquela trilha, como se fosse um caminho único... sem se atrever a mudá-lo.

A propósito, qual é o seu caminho???

AS DUAS MOSCAS

Parte 1

Contam que certa vez duas moscas caíram num copo de leite. A primeira era forte e valente, assim logo ao cair nadou até a borda do copo, mas como a superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e de se debater e afundou.

Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte era tenaz, continuou a se debater a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca conseguiu, com muito esforço, subir e dali levantar vôo para algum lugar seguro.

Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como um elogio à persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...

Parte 2

Tempos depois a mosca, por descuido ou acidente, novamente caiu no copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou:

"Tem um canudo ali, nade até lá e suba pelo canudo".

A mosca tenaz não lhe deu ouvidos,

baseando-se na sua experiência anterior de sucesso, continuou a se debater e a se debater, até que, exausta afundou no copo cheio... de água.

Autor desconhecido

EM BUSCA DO BOI

Conta uma história da tradição budista que um monge entrou em um vilarejo montado em um boi, e os habitantes da vila lhe perguntaram onde estava indo.

Ele então respondeu que estava em busca de um boi.

As pessoas se entreolharam, intrigadas, e então começaram a rir. O monge se foi. No dia seguinte, de novo montando um boi, o monge voltou ao vilarejo. E de novo as pessoas lhe perguntaram o que buscava.

"Procuro um boi", foi novamente a resposta. Outra vez o monge se foi, em meio ao riso de todos.

No terceiro dia o fato se repetiu: "o que busca?" e o monge, montado no boi, disse ser um boi o que buscava. Só que a piada já perdera a sua graça e as pessoas protestaram, dizendo: "olhe aqui, você é um monge, supostamente uma pessoa santa, sábia, e mesmo assim você vem aqui à procura de um boi quando, o tempo todo, é sobre um boi que você está sentado." Ao que replicou o monge: "também assim é a sua procura de Deus."

E assim é conosco. Tantas e tantas vezes saímos em busca de algo que estava conosco o tempo todo, sem que nos déssemos conta. Achamos que a nossa realização está em outro trabalho, outra profissão, outra família, outros amigos... e chegamos por vezes a partir em uma busca inútil quando, se olhássemos com um pouco mais de atenção - talvez com um pouco mais de boa vontade - para aquilo que já temos, descobriríamos que o " boi" que tanto procurávamos, estava nos carregando todo o tempo.

É preciso olhar para frente, sim, traçar metas, segui-las. Mas sem perder a noção do potencial de realização e felicidade que esta bem aqui, na nossa realidade presente.

Se você aprender a olhar para sua própria vida, pode descobrir que sua esposa, ou seu marido, ainda conserva muito daquilo que fez você se apaixonar há 10, 20, 50 anos.

Que sua profissão continua tendo muito em comum com suas ideias de vida - apesar de seu desgaste, de seu cansaço.

Que seu trabalho ainda guarda chances e as perspectivas que tanto prometiam. Estão apenas um tanto encobertas pela poeira do tempo que passou, enquanto você esteve ocupado demais para aproveitá-las.

A felicidade precisa ser perseguida. Mas muitas,

muitas vezes, sofremos e choramos sentados sobre ela.

Autor desconhecido

HISTÓRIA DA LAGARTINHA

Havia uma lagartinha que tinha muito medo de sair por ai e morrer pisoteada pelos homens. Por isso, foi-se fechando. As plantas também a rejeitavam, achando que ela só queria comer suas folhas. Mal sabiam que essa lagartinha gorda, e que rasteja, pedindo ajuda, poderia ser aquela borboleta que viria ajudar a polinizar as flores dessas mesmas plantas.

Mas, a lagartinha só chorava, apertada, em sua tristeza, até que uma coruja, aquela ave que só consegue enxergar a noite, quando tudo está escuro, disse a ela, pare de chorar, faça alguma coisa! aí dentro de você mora uma linda borboleta, deixe-a sair. Ela pode voar, ser aceita pelos homens e pelas plantas, ver lá de cima o que você vê daqui debaixo, mudar de jardim e tudo o mais.

A lagartinha, então, pediu ajuda. Como poderia se tornar borboleta? A coruja, sábia amiga, disse-lhe que era necessária uma metamorfose, de mudança, em que precisava se fechar num casulo para empreender esforços, que viriam dores, mas só as necessárias para fazer as mudanças. Mas o que realmente era preciso era pensamento positivo. Que poderia ser livre, bem aceita, e voar leve, por onde desejasse. Que pensasse em ser borboleta o tempo todo e tudo poderia ir mudando, até que, mais rápido do que ela imaginasse, ela sairia do casulo, como uma borboleta.

Do livro: Síndrome do Pânico

Dra. Sofia Bauer - Editora Caminhos

O AVÔ E OS LOBOS

Um velho avô disse a seu neto, que veio a ele com raiva de um amigo que lhe havia feito uma injustiça:

"Deixe-me contar-lhe uma historia. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande ódio daqueles que 'aprontaram' tanto, sem qualquer arrependimento daquilo que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas vezes contra estes sentimentos".

E ele continuou:

"É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer isto, e da maneira correta."

"Mas, o outro lobo, ah!, este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o lançam num ataque de ira! Ele briga com todos, o tempo todo, sem qualquer motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva e seu ódio são muito grandes. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar coisa alguma!

"Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito".

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou:

"E qual deles vence, vovô?"

O avô sorriu e respondeu baixinho:

"Aquele que eu alimento mais frequentemente".

É difícil pensar em amar alguém que você não gosta, amar quem o prejudica ou alguém que o ofendeu. Mas por mais que tentemos, ou que queiramos, a verdade é que o ódio corrói nosso espírito, e somos os maiores prejudicados.

Pense em como você pode amar a nosso semelhante, não importando o que ele fez, ou qualquer que tenha sido a atitude dele. Afinal, só o amor constrói.

Autor desconhecido

O CAMUNDONGO MEDROSO

Era uma vez um camundonguinho cinzento. Ele morava na mesma casa que uma velha gata cinza, e morria de medo dela.

- Eu seria tão feliz, se não fosse por essa gata velha! - dizia. - Fico com medo dela o tempo todo. Bem que eu queria ser um gato.

Uma fada escutou o camundongo, ficou com pena e transformou-o num gato cinza.

No início, ele estava muito feliz. Mas, um dia, um cachorro saiu correndo atrás dele.

- Puxa vida! - disse. - Não é tão divertido assim ser um gato. Fico com medo dos cachorros o tempo todo. Bem que eu queria ser um cachorro grande.

Novamente, a fada ouviu-o. Ficou com pena do gato cinza e transformou-o num cachorro grande.

E ele ficou feliz de novo. Mas, um dia, ouviu um leão rugindo.

- Ai, escutem só esse leão! - exclamou. - Fico com medo só de ouvir. É, não é lá tão seguro ser cachorro, afinal. Como eu queria ser um leão. Acho que eu não ia ter medo de nada.

E correu para a fada.

- Querida fada - disse -, por favor, me transforme num leão grande, forte!

E mais uma vez a fada ficou com pena e transformou-o num leão grande e forte.

Um dia , um homem tentou matar o leão. E outra vez ele foi correndo até a fada.

- O que é, agora? - perguntou a fada.

- Por favor me transforme em um homem, querida fada - gemeu. - Aí, não vou ter medo de ninguém.

- Você virar homem!? - gritou a fada. - Não; realmente não posso. Um homem deve ter um coração corajoso, e você tem coração de camundongo. Por isso, vai se tornar um camundongo de novo e ficar assim para sempre.

E, assim dizendo, transformou-o de novo

num pequeno camundongo cinzento,

e ele saiu correndo de volta a sua velha casa.

O CÃO RAIVOSO

Um cachorro costumava atacar sorrateiramente e morder os calcanhares de quem encontrasse pela frente.

Seu dono então pendurou um sino em seu pescoço, assim ele alertava as pessoas de sua presença onde quer que estivesse.

O cachorro cresceu orgulhoso, e vaidoso do seu sino, caminhava tilintando-o pela rua.

Um velho cão de caça então lhe disse:

- Por quê você se exibe tanto? Este sino que carrega não é, acredite, nenhuma honra ao mérito, mas, ao contrário uma marca de desonra, um aviso público para que todas as pessoas o evitem por ser perigoso.

Notoriedade não é fama.

O CARNEIRINHO PERDIDO

Baseada em Lucas 15:3-7

A mãe ovelha amava seu carneirinho da mesma forma que sua mãe amava você.

Era um filhote pequenino, de perninhas finas e com muito pouca lã ainda. Passava a noite no ovil, dormindo aconchegado no calor da lã de sua mãe.

Passava o dia mordiscando a relva, bebendo a água do córrego e brincando na pradaria.

- Cuide do meu carneirinho - a mãe ovelha tentou dizer ao pastor do rebanho. - Ele é muito pequenininho e frágil para cuidar de si.

O pastor compreendeu, e tratou de observar com atenção o carneirinho, embora houvesse cem ovelhas no rebanho.

Tratava-se de um bom pastor, ou não teria conseguido cuidar de todos. Todas as manhãs abria o portão do ovil e o rebanho saía. Ele então conduzia os animais a um pasto verde na encosta de um morro e ali passava o dia tomando conta. Havia lobos nas montanhas das redondezas, à espera de uma chance para pegar os carneirinhos. O pastor mantinha os lobos afastados.

Quando o sol começava a descer por trás do morro, o pastor conduzia o rebanho de volta para o ovil. E antes de fechar o portão, sempre contava suas ovelhas para ver se havia cem.

As tempestades em lugares altos assim são muito terríveis. Um dia houve uma tempestade, com vento, chuva fria e raios no céu. A ovelha mãe ficou assustada demais, sem saber para onde ir. Seguiu as outras ovelhas, que se abalroavam e quase esmagavam ao descer correndo a encosta. Mas o pastor as conduziu com tranqüilidade, indicando o caminho com o cajado. Chamava cada um pelo nome que lhes dera. Ia na frente para evitar que a tormenta as espantasse de volta antes de se sentirem seguras, pois já se avistava o ovil.

Ao atravessarem o portão, uma por uma, ele as contou.

Só havia noventa e nove.

Então o pastor olhou nos olhos suplicantes da mãe ovelha. Ela estava tentando dizer que seu filhote se perdera na tempestade.

Se não fosse um bom pastor, ele poderia pensar que um carneirinho daqueles não seria uma grande perda. Mas pensou apenas no frio que estaria sentindo o bichinho com tão pouca lã, no meio da tempestade. E lembrou-se de que, além da tormenta, escutara o uivo dos lobos.

Pois o bom pastor saiu no vento e na chuva para encontrar o carneirinho.

Já estava tão escuro que ele mal podia enxergar. O vento estava frio, a chuva encharcava seu manto e as pedras cortavam-lhe os pés. Qualquer outro pastor teria desistido. Mas o bom pastor via, através da tempestade, os olhos sofridos da ovelha mãe do carneirinho. E prosseguiu até encontrar o carneirinho perdido, deitado, com medo e com frio, à beira da estrada.

O pastor pegou o carneirinho nos braços. O animalzinho estava com frio para voltar andando. Levou-o para casa no colo, com o mesmo cuidado que sua mãe tinha por você quando bebê. Ficou muito feliz ao chegar ao ovil e poder devolvê-lo à mãe. Convidou os vizinhos a virem partilhar de sua alegria, pois nem um carneiro se quer havia se extraviado do rebanho.

Os vizinhos estranharam um pouco a alegria do pastor.

- Noventa e nove é quase cem - disseram. - Que diferença faria um carneirinho num rebanho tão grande?

O bom pastor sabia. O carneirinho que se perdeu

era um dentre os seus, e ele os amava a todos.

Do livro: O Livro das Virtudes II - O compasso moral

William J. Bennett - Ed. Nova Fronteira

O CAVALINHO

Certa tarde o paizão saiu para um passeio com as duas filhas, uma de oito e a outra de quatro anos. Em determinado momento da caminhada, Helena, a filha mais nova, pediu ao pai que a carregasse, pois estava muito cansada para continuar andando.

O pai respondeu que estava também muito fatigado, e diante da resposta, a garotinha começou a choramingar e fazer "corpo mole".

Sem dizer uma só palavra, o pai cortou um pequeno galho de árvore e o entregou à Helena dizendo: Olhe aqui um cavalinho para você montar, filha! Ele irá ajudá-la a seguir em frente.

A menina parou de chorar e pôs-se a cavalgar o galho verde tão rápido, que chegou em casa antes dos outros. Ficou tão encantada com seu cavalo de pau, que foi difícil fazê-la parar de galopar.

A irmã mais velha ficou intrigada com o que viu e perguntou ao pai como entender a atitude de Helena. O pai sorriu e respondeu dizendo: Assim é a vida, minha filha. Às vezes a gente está física e mentalmente cansado, certo de que é impossível continuar. Mas encontramos então um "cavalinho" qualquer que nos dá ânimo outra vez.

Esse cavalinho pode ser um bom livro, um amigo,

uma canção... assim, quando você se sentir cansada

ou desanimada, lembre-se de que sempre haverá um cavalinho para cada momento, e nunca se deixe levar

pela preguiça ou o desânimo. E Sorria!

O CORVO COBIÇOSO

Era uma vez uma linda pomba que costumava viver em um ninho perto de uma cozinha.

Os cozinheiros gostavam muito dela e frequentemente lhe davam grãos. Ela gostava do lugar e tinha uma boa vida.

Um dia, um corvo viu a pomba e notou como ela recebia ótimas refeições da cozinha.

Então, numa ocasião, o corvo fez amizade com a pomba, e sob o pretexto de amizade, de alguma forma conseguiu fazer com que a pomba dividisse o seu ninho com ele.

A pomba então lhe disse que poderiam passar o tempo juntos discutindo política, religião, etc., mas que em se tratando de comida cada um teria seu próprio meio. Dessa forma ela sugeriu que o corvo buscasse a sua própria comida.

Mas o corvo estava impaciente e a sua única razão para fazer amizade com a pomba era pela comida.

Ele queria carne e tudo o que a pomba ganhava da cozinha eram grãos.

Ele não queria esperar mais e finalmente decidiu ir diretamente à cozinha para obter comida. Assim pensando ele furtivamente se arrastou pela chaminé abaixo e entrou na cozinha.

Sentindo o cheiro de um peixe temperado que estava numa panela, cobiçoso, adiantou-se e tentou pegar o peixe, porém, ao fazer isto, tropeçou numa concha de sopa e fez barulho.

Isto alertou o cozinheiro, que estava na sala vizinha, que surpreendendo o corvo, o matou.

Moral da história: a cobiça paralisa a inteligência.

O DESPERTAR DA ÁGUIA

Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros. Depois de 5 anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:

Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.

De fato - disse o camponês. É águia. Mas eu criei como galinha. Ela não é mais águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de envergadura.

- Não - retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração a fará um dia voar às alturas.

- Não, não - insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse: Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra as asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!

- Não - tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no telhado da casa. Sussurrou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à casa:

- Eu lhe havia dito, ela virou galinha!

- Não - respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.

No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.

O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:

- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico KauKau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto, a voar cada vez para mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...

Somos águias!

Do livro "O Despertar da Águia" de Frei Leonardo Boff.

O ELEFANTE ACORRENTADO

Você já observou elefante no circo? Durante o espetáculo, o enorme animal faz demonstrações de força descomunais. Mas, antes de entrar em cena, permanece preso, quieto, contido somente por uma corrente que aprisiona uma de suas patas a uma pequena estaca cravada no solo. A estaca é só um pequeno pedaço de madeira. E, ainda que a corrente fosse grossa, parece óbvio que ele, capaz de derrubar uma árvore com sua própria força, poderia, com facilidade, arrancá-la do solo e fugir.

Que mistério! Por que o elefante não foge?

Há alguns anos descobri que, por sorte minha, alguém havia sido bastante sábio para encontrar a resposta: o elefante do circo não escapa porque foi preso à estaca ainda muito pequeno. Fechei os olhos e imaginei o pequeno recém-nascido preso: naquele momento, o elefantinho puxou, forçou, tentando se soltar. E, apesar de todo o esforço, não pôde sair. A estaca era muito pesada para ele. E o elefantinho tentava, tentava e nada. Até que um dia, cansado, aceitou o seu destino: ficar amarrado na estaca, balançando o corpo de lá para cá, eternamente, esperando a hora de entrar no espetáculo.

Então, aquele elefante enorme não se solta porque acredita que não pode. Para que ele consiga quebrar os grilhões é necessário que ocorra algo fora do comum, como um incêndio por exemplo. O medo do fogo faria com que o elefante em desespero quebrasse a corrente e fugisse.

O GALO DE BRIGA E A ÁGUIA

Dois galos estavam, disputando em feroz luta pelo direito de comandar a chácara. Por fim um pôs o outro para correr.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num lugar sossegado.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto lançou-se sobre ele, e com um bote certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de disputa.

O Orgulho leva antes à Destruição.

O GATO PROFESSOR

Conto do folclore chinês recontado por Tatiana Belinky

Numa montanha se escondia um tigre de patas pesadas e lentas, que não podia andar nem saltar com agilidade. Tinha força, mas essa de pouco lhe valia porque raramente conseguia agarrar a presa que cobiçava.

Um belo dia, quando o tigre saía da sua gruta à procura de alimentos, cruzou com um gatinho que vinha pulando e saltando alegremente. Os movimentos flexíveis e a agilidade do gatinho despertaram a inveja no tigre, que pensou consigo mesmo: "Que bom se eu pudesse ser ágil assim". Então, em tom suplicante, dirigiu-se ao gatinho:

Mestre Gato, pode ensinar-me a arte de passar ligeiro por montes e vales, saltando como você?

O gatinho bem sabia que o tigre era bicho de maus bofes. Pensou que ensinando-lhe a sua arte poderia colocar em perigo a própria vida. Então respondeu, cautelosamente:

Não digo que não, mas tenho medo de que quando você souber correr e saltar como eu, você se mostre ingrato.

O tigre fez uma vênia profunda e disse:

Mestre Gato, se você se dignar a tomar-me como aluno, prometo que jamais serei ingrato. Se alguém o ofender, juro que darei minha própria vida para defendê-lo.

Juramento é coisa séria. O gatinho acreditou nas palavras hipócritas da fera e, com pena da sua lentidão, aceitou o tigre como aluno.Um aluno tão aplicado que não demorou muito para o gatinho ensinar ao tigre tudo o que sabia, faltando só uma aula.

No dia dessa última aula, o tigre estava tão animado, pensando que logo poderia agarrar e devorar o seu rechonchudo e apetitoso professor, que ficou com a boca cheia d'água. Mas o gatinho, que já ia ensinar o seu último truque ao tigre, percebeu que o seu aluno o olhava com olhos cobiçosos, literalmente babando de apetite. E quando o tigre lhe perguntou, querendo certificar-se, se o mestre Gato já lhe ensinara tudo o que sabia, o gatinho disse:

Sim, naturalmente. Ensinei-lhe tudo, tudinho.

Mas ficou bem atento. Aí o tigre, querendo ser astuto, falou, para desviar a atenção do professor:

Mestre Gato, olhe atrás de você quem está subindo naquela árvore!

E assim que o gatinho se voltou, o tigre escancarou a bocarra, arreganhou os dentes e deu um pulo para a frente. Mas o gatinho, que já pressentia a traição, foi mais esperto: rápido como um raio, de um salto só, ele trepou na árvore e, do alto de um galho, fora do alcance do tigre, olhou severo para o seu aluno e gritou, indignado:

Mas o gatinho, saltando de galho em galho e de árvore em árvore, só parava de vez em quando para acariciar os bigodes e olhar zombeteiramente para o tigre. Este urrava de frustração e raiva impotente, vendo-se logrado pelo esperto gatinho, que saltou ágil e alegre até sumir de vista.

O GATO ZEN

O Homem estava muito triste. Sabia que os dias do Gato estavam contados. O médico havia dito que não havia mais nada a fazer, que ele deveria levar o Gato para casa, e deixá-lo o mais confortável possível.

O Homem acariciou o Gato em seu colo e suspirou. O Gato abriu os olhos, ronronou e olhou para o Homem. Uma lágrima escorreu pela face do Homem e caiu na testa do Gato. O Gato lhe lançou um olhar ligeiramente irritado.

"Por que você está chorando, Homem?", perguntou. "Porque não suporta a idéia de me perder? Porque acha que nunca vai poder me substituir?"

O Homem fez que sim com a cabeça.

"E para onde acha que eu irei quando deixar você?", o Gato perguntou.

O Homem deu de ombros, sem saber o que dizer.

"Feche os olhos, Homem", disse o Gato. O Homem o olhou sem entender bem, mas obedeceu.

"De que cor são meus olhos, meu pêlo?", o Gato perguntou.

"Os olhos são dourados e o pêlo é marrom, um marrom intenso e vivo", o Homem respondeu.

"E em que parte do corpo tenho pêlos mais escuros?", o Gato perguntou.

"Nas costas, no rabo, nas pernas, no nariz e nas orelhas", disse o Homem.

"E em que lugares você mais costuma me ver?", perguntou o Gato.

"Eu vejo você... no parapeito da janela da cozinha, observando os passarinhos... na minha cadeira preferida... na escrivaninha, deitado em cima dos papéis de que eu preciso... no travesseiro ao meu lado, à noite".

O Gato assentiu.

"Você consegue me ver em todos esses lugares agora, mesmo de olhos fechados?", perguntou.

"Claro. Vi você neles por muitos anos", o Homem disse.

"Então, sempre que você quiser me ver, tudo o que precisa fazer é fechar os olhos", disse o Gato.

"Mas você não vai estar lá de verdade", respondeu o Homem com tristeza.

"Ah, é mesmo?", disse o gato. "Pegue aquele barbante do chão - ali, meu 'brinquedo'".

O Homem abriu os olhos, esticou o braço e pegou o barbante. Tinha uns 60 centímetros e o Gato conseguia se divertir com ele por horas e horas.

"De que ele é feito?", o Gato perguntou.

"Parece que é de algodão", o Homem disse.

"Que vem de uma planta?", perguntou o Gato.

"Sim," disse o Homem.

"De uma só planta ou de muitas?"

"De muitos algodoeiros," o Homem respondeu.

"E seria possível que outras plantas e flores nascessem no mesmo solo do algodoeiro? Uma rosa poderia nascer ao lado do algodão, não?", perguntou o Gato.

"Sim, acho que seria possível", disse o Homem.

"E todas as plantas se alimentariam do mesmo solo e da mesma chuva, não é?", o Gato perguntou.

"Sim", disse o Homem.

"Então, todas as plantas, a rosa e o algodão, seriam muito parecidas por dentro, mesmo aparentando ser muito diferentes por fora", disse o Gato.

O Homem concordou com a cabeça, mas não conseguia entender o que aquilo tinha aver com a situação.

"E então, aquele barbante", disse o Gato, "é o único barbante do mundo feito de algodão?"

"Não, claro que não", disse o Homem, "foi tirado de um rolo de barbante".

"E você sabe onde estão todos os outros pedaços de barbante, e todos os outros rolos?", perguntou o Gato.

"Não, não sei... seria impossível saber", disse o Homem.

"Mas mesmo sem saber onde estão, você acredita que eles existem. E mesmo que alguns pedaços de barbante estejam com você, e outros estejam em outros lugares... mesmo que alguns sejam curtos e outros sejam compridos, e mesmo que seu rolo de barbante não seja o único no mundo... você concorda que há uma relação entre todos os barbantes?", o Gato perguntou.

"Nunca tinha pensado nisso, mas acho que sim, há uma relação", o Homem disse.

"O que aconteceria se um pedaço de barbante caísse no chão?", perguntou o Gato.

"Bom... ele ia acabar enterrado, e se decompondo na terra", o Homem disse.

"Sei", disse o Gato. "E talvez nascesse mais algodão naquele lugar, ou uma rosa".

"Pode ser", concordou o Homem.

"Quer dizer que a rosa no parapeito da janela pode ter alguma relação com o barbante na sua mão, e também com todos os barbantes que você nunca viu", disse o Gato.

O Homem franziu a testa, pensando.

"Agora pegue uma ponta do barbante em cada mão", instruiu o Gato.

O Homem fez o que foi pedido.

"A ponta na mão esquerda é o meu nascimento, e a na mão direita é minha morte. Agora junte as duas pontas", disse o Gato.

O Homem obedeceu.

"Você formou um círculo contínuo", disse o Gato. "Alguma parte do barbante parece diferente, melhor ou pior que qualquer outra parte dele?"

O Homem examinou o barbante e então fez que não com a cabeça.

"O espaço dentro do círculo parece diferente do espaço fora dele?", o Gato perguntou.

De novo, o Homem fez que não com a cabeça, mas ainda não sabia se estava entendendo onde o Gato queria chegar.

"Feche os olhos de novo", disse o Gato. "Agora lamba a mão".

O Homem arregalou os olhos, surpreso.

"Faça o que eu digo", disse o Gato. "Lamba a mão, pense em mim em todos os meus lugares costumeiros, pense em todos os pedaços de barbante, pense no algodão e na rosa, pense em como o interior do círculo não é diferente do exterior".

O Homem se sentiu bobo, lambendo a mão, mas obedeceu. Ele descobriu o que um gato deve saber, que lamber uma pata é muito relaxante, e ajuda a pensar mais claramente. Continuou a lamber, e os cantos da boca começaram a esboçar o primeiro sorriso que ele dava em muitos dias. Esperou que o Gato lhe mandasse parar mas, como este não mandou, abriu os olhos. Os olhos do Gato estavam fechados. O Homem acariciou o pêlo marrom, quente, mas o Gato havia morrido.

O Homem cerrou os olhos com força e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

Viu o Gato no parapeito da janela, na cama, deitado em cima dos papéis importantes. Ele o viu no travesseiro ao seu lado, viu os olhos dourados brilhantes, e o marrom mais escuro no nariz e nas orelhas. Abriu os olhos e, por entre as lágrimas, olhou para a rosa que crescia em um vaso na janela, e depois para o barbante que ainda segurava apertado na mão.

Um dia, não muito depois, tinha um novo Gato no colo.

Era uma linda gata malhada...

tão diferente do seu querido Gato anterior mas,

ao mesmo tempo, tão parecida.

Jim Willis - do livro "Pieces of My Heart"

O LEÃO

Os filhotes não haviam ainda aberto os olhos. Estavam há três dias junto da mãe leoa, movendo-se apenas para tatear em busca de leite, sem nada ver ou ouvir.

Um pouco afastado, o leão observava-os orgulhosamente.

Subitamente pôs-se em pé e, sacudindo a linda juba, soltou um rugido que parecia um trovão.

Imediatamente os filhotes abriram os olhos, enquanto que todos os animais selvagens da floresta fugiram aterrorizados.

Assim como o leão acorda seus filhos com um grito alto, também o elogio desperta a virtude adormecida de nossos filhos. Encoraja-os a estudar e a lutar pela honra, e afasta tudo o que é indigno deles.

Leonardo da Vinci

O LEÃO E OS TRÊS TOUROS

Três touros pastavam juntos e tranqüilos desde longa data.

Um leão, escondido no mato, os espreitava na esperança de fazer deles seu jantar, mas estava receoso de atacá-los enquanto estivessem juntos.

Finalmente, quando por meio de ardilosos e traiçoeiros discursos ele conseguiu separá-los, e tão logo eles pastavam sozinhos, atacou-os sem medo, e, devorou-os um após o outro à sua própria vontade.

União é força

O LOBO E A GARÇA

Um Lobo, tendo se engasgado com um pedaço de osso, contratou uma Garça, por uma grande soma em dinheiro, para ela colocar a cabeça dentro da sua garganta e de lá retirar o osso.

Quando a Garça retirou o osso, e pediu o pagamento que tinham combinado, o Lobo, rangendo os dentes, exclamou:

- Ora, Ora! Você já foi recompensada, ao ser permitido que sua cabeça saísse a salvo de dentro da boca e mandíbulas de um Lobo.

Ao servir a alguém de má índole, não espere recompensas,

e agradeça se depois disso ele não o prejudicar

O LOBO E A OVELHA

Um lobo, muito ferido por mordidas de cachorros, repousava doente e muito machucado em sua toca.

Como estava com fome, ele chamou uma ovelha, que ia passando por perto, e pediu-lhe para trazer um pouco da água de um regato que corria ao lado dela.

- Assim, - falou o lobo - se você me trouxer água, eu ficarei em condições de conseguir meu próprio alimento.

- Claro, - respondeu a ovelha - se eu levar água para você, você sem dúvida fará de mim uma provisão de comida também.

Palavras hipócritas são fáceis de reconhecer.

O LOBO, O LEÃO E A RAPOSA

Achando-se gravemente enfermo, um velho leão decrépito exigia que arranjassem um remédio capaz de curá-lo de seus ataques e de lhe restituir as forças. Alegar impossibilidade aos reis constitui "crime de lesa-majestade", portanto, cada espécie daquele vasto reino apressa-se em apresentar um remédio ao rei leão. Comparecerem animais de toda parte, cada qual trazendo um receita especial: alguns eram doutores, outros charlatães, uns adivinhos, outros feiticeiros. A multidão subia e descia a escadaria que levava ao antro do real enfermo, numa solicitude comovedora. Só a raposa não apareceu, preferindo ficar dormindo em sua casinha.

O lobo não deixou de armar uma intriga contra a raposa. E contou ao leão sobre a ausência da raposa. O leão, bravo manda seus soldados desentocá-la e que a obriguem a comparecer. A astuta raposa veio imediatamente e tendo sabido que o lobo fora o autor do mexerico, apresenta-se com mesuras requintadas e diz:

- Receio, meu senhor, que uma falsa denúncia tenha imputado como desprezo o fato de ter retardado até agora seu chamado. Entretanto, se tardei em vir apresentar-vos os meus respeitos, é porque andava de romaria para cumprir um voto que fiz pela saúde de Vossa Majestade. Em minha peregrinação não negligenciei em consultar as mais altas sumidades a respeito de vossa doença, que com justa razão, vos traz assim tão preocupado. Descrevi a todo os sintomas do vosso mal e o seu progresso. Eis que me foi explicado que careceis apenas de calor, deste calor que os anos tiraram de vossos membros. Para reconquistardes esse calor é necessário que mandeis escorchar vivo um lobo e em seguida, envolvei o vosso corpo com a sua pele ainda quente e fumegante. O resultado é infalível para esse gênero de fraqueza que sentis. Se a receita for do vosso agrado, o mestre Lobo está aqui presente e prestar-se-á de bom grado a servir-vos de agasalho.!

O rei achou interessante a sugestão e aproveitou o conselho. No mesmo instante foi o lobo esfolado vivo, retalhado e feito em postas, enquanto sua pela escaldante aquecia o corpo do leão agonizante.

A maldade da raposa dispensa aqui maiores comentários. Todavia o exemplo serve como advertência aos áulicos,

para que se abstenham de intrigas, pois o mal que se faz a outrem recai quadruplicado sobre quem o faz.

Aos intrigantes sempre chega a hora do ajuste de contas

de uma forma ou de outra e sempre acabam

por pagar o mal que fizeram.

Autor desconhecido

O PÁSSARO INDIANO

Um mercador mantinha um pássaro numa gaiola. Estando de partida para a Índia, país do pássaro, perguntou-lhe se queria algo de lá. O pássaro lhe pediu sua liberdade, mas esta lhe foi negada. Então solicitou ao mercador que fosse a uma floresta na Índia e que anunciasse seu cativeiro aos pássaros livres que ali se encontrassem. O mercador assim fez e mal se referira ao seu cativo, um pássaro selvagem semelhante ao que ele mantinha na gaiola caiu ao chão da árvore onde pousara, sem sentidos.

Pensando que o pássaro fosse parente do seu canário engaiolado, o mercador ficou pesaroso por ter sido o causador daquela morte. Regressou a seu lar e então o pássaro cativo perguntou-lhe se trazia boas notícias da Índia.

- Receio que minhas notícias sejam más. Um de seus parentes teve um colapso e caiu morto a meus pés quando anunciei que você estava preso numa gaiola.

Mal essas palavras foram pronunciadas, o pássaro do mercador sofreu um colapso e caiu no fundo da gaiola.

- A notícia sobre a morte de seu parente também lhe trouxe a morte - murmurou o mercador.

Desolado, recolheu o pássaro e o colocou no rebordo da janela. Imediatamente o pássaro reviveu e voou para uma árvore próxima.

- Pode perceber agora - disse o pássaro - que o que você interpretou como uma tragédia era, na verdade, uma boa notícia para mim. E de como a mensagem, ou seja, a indicação de como me comportar para obter minha liberdade, me foi transmitida por meio de você, meu captor.

Dito isso, se afastou num voo largo, livre por fim.

Contos Sufi

O PASTOR E O ASNO

Um Pastor observava tranqüilo seu Asno pastando em uma verde pradaria.

De repente, ouviu ao longe os gritos do inimigo que se aproximava.

Ele rogou ao animal para que corresse com ele na garupa, o mais rápido que pudesse, a fim de que não fossem ambos capturados. O Asno com calma, falou:

- Por que eu deveria temer o inimigo? Você acha provável que o conquistador coloque em mim, além dos dois cestos de carga que carrego, outros dois?

- Não, respondeu o Pastor.

- Então - disse o animal - contanto que eu carregue os dois cestos que já possuo, que diferença faz a quem estou servindo?

Ao mudar o governante, para o pobre,

nada muda além do nome do seu novo senhor.

O PÊLO DO LEÃO

Numa aldeia nas montanhas da Etiópia, um rapaz e uma moça se apaixonaram e se casaram. Por algum tempo foram perfeitamente felizes, mas então os problemas chegaram à casa deles. Começaram a ver os erros um do outro nas pequenas coisas - ele a acusava de gastar muito no mercado, ela o acusava de estar sempre atrasado. Não se passava um dia sem uma discussão sobre dinheiro, sobre trabalho doméstico, sobre amigos. Às vezes ficavam tão bravos que gritavam, berravam impropérios e iam para a cama sem se falar, o que só piorava as coisas.

Depois de alguns meses ele achou que não agüentava mais aquilo e procurou um juiz velho e sábio para pedir o divórcio.

- Por quê? - perguntou ele. - Há menos de um ano que se casaram. Não ama seu marido?

- Sim, nós nos amamos, mas as coisas não vão nada bem.

- Como assim, não vão nada bem?

- Ah, brigamos muito, ele faz coisas que me irritam. Deixa roupas espalhadas pela casa toda, corta as unhas do pé na sala e deixa pelo chão, chega tarde em casa. Sempre que eu quero fazer alguma coisa, ele quer fazer outra. Não podemos viver juntos.

- Entendo - disse o velho juiz. - Talvez eu possa ajudar. Conheço um remédio mágico que vai fazer vocês se darem muito melhor. Se eu lhe der esse remédio, vai parar de pensar em divórcio?

- Claro! Gritou ela. - Qual é o remédio? Me dê!

- Calma - disse o juiz. - Para fazer o remédio preciso de um fio da cauda de um grande leão que vive perto do rio. Tem que trazer esse fio para mim.

- Mas como vou conseguir isso? - exclamou a mulher. - O leão vai me matar!

- Nisso não posso ajudar - disse o velho, abanando a cabeça. - Entendo muito de remédios, mas não entendo nada de leões. Você tem que descobrir um meio. Vai tentar?

A jovem esposa refletiu longamente. Amava muito o marido, e o remédio ia salvar seu casamento. Resolveu buscar o pêlo do leão.

Na manhã seguinte, foi ao rio e se escondeu atrás de uma pedra. Pouco tempo depois, o leão veio beber água. Quando viu as patas enormes, ela ficou tremendo de medo. O leão abriu a boca, mostrando os dentes afiados, e ela quase desmaiou. Então o leão deu um rugido e ela saiu correndo para casa.

No dia seguinte, voltou e pôs o pedaço de carne a cem metros do leão; no outro dia, pôs a carne a cinqüenta metros do leão e não se escondeu enquanto ele comia.

Mas na manhã seguinte ela voltou ao rio, trazendo um saco de carne fresca. Deixou a carne no capim da margem, a duzentos metros do leão, e ficou escondida atrás da pedra enquanto ele comia.

Assim a cada dia chegava mais perto do leão, até que um dia chegou tão perto que pôde atirar-lhe a carne na boca. No outro dia, o leão veio comer em sua mão. Tremia ao ver os dentes enormes rasgando a carne, mas tinha mais amor ao marido do que medo do leão. Muito lentamente, ela abaixou-se e arrancou um fio do pêlo da cauda da fera.

Voltou correndo ao juiz.

- Olhe! - gritou ela. - Trouxe um pêlo do leão!

O velho pegou o fio e examinou atentamente.

- Foi muita coragem sua - disse ele. - E precisou de muita paciência, não?

- Ah, sim - disse ela. - Agora me dê o remédio para salvar meu casamento!

O velho juiz abanou a cabeça.

- Não tenho mais nada a lhe dar.

- Mas o senhor prometeu! - exclamou a jovem esposa.

- Então não vê? - perguntou ele com carinho. - Já tem o remédio de que precisa. Você estava decidida a fazer o que fosse preciso, por mais que demorasse, para ter o remédio mágico para seus problemas. Mas mágica não existe. Só existe a sua determinação. Você e seu marido se amam. Se os dois tiverem a paciência, a determinação e a coragem que você demonstrou para trazer esse pêlo do leão, serão muito felizes. Pense nisso.

E a mulher voltou para casa, com novas resoluções.

O PEQUENO PEIXE

Era uma vez, um lindo aquário, enorme, onde havia muitos peixes de vários tipos e tamanhos.

Na parte de cima do aquário estavam os peixes maiores, pois quando a comida caía na água eram os primeiros a comer. Então os peixes de cima estavam sempre satisfeitos, nunca lhes faltava comida.

Na parte intermediária estavam os peixes de porte médio, havia para eles muita comida ainda, que os grandes peixes da parte de cima não comiam, mas não tinha tanta comida assim para que pudessem ficar grandes.

Na parte de baixo estavam os pequenos peixes. A comida que eles tinham para comer mal dava para deixá-los vivos, pois era a sobra dos peixes de cima.

No meio desse ambiente nasceu um pequeno peixe. Ele não se conformava com aquela situação, e começou a nadar pelo aquário, foi quando encontrou um pequeno buraco e ficou pensando onde aquele buraco iria levá-lo. Tinha uma grande esperança de mudar aquele quadro onde nasceu. O pequeno peixe então resolveu passar pelo buraco e ver onde ia parar.

Encontrou um fio de água que o levou para um ralo, do ralo caiu em um encanamento, e foi parar em um rio. Observou aquele lugar e viu que era maravilhoso, não faltava comida, tinha espaço suficiente para nadar e ir onde quisesse. Mas o pequeno peixe pensou em seus amigos do aquário e resolveu voltar para falar a respeito do lugar maravilhoso que encontrou.

Voltou ao aquário e começou a falar com todos sobre o lugar maravilhoso que havia encontrado. Todos os peixes ficaram curiosos e questionaram o que deveriam fazer para chegar a esse local. Foi quando o peixinho falou:

Os peixes grandes da parte de cima, deverão mudar de lugar, terão que vir para a parte de baixo, para perder peso e assim poder passar pelo pequeno buraco. Os peixes da região intermediária, deverão se alimentar menos, para perder um pouco de peso também. E os peixes de baixo, deverão se alimentar um pouco mais para obter forças para seguir viagem.

A confusão dentro do aquário começou, muita discussão, muita discórdia, e começaram a se revoltar contra o pequeno peixe. Depois de muita briga os peixes tomaram uma decisão, resolveram matar o peixinho que havia causado tanto transtorno àquele lugar.

Conclusão: Quantos de nós não" matamos" todos os dias

as idéias, os conselhos, as opiniões, apenas porque não queremos mudar a forma com que estamos acostumados

a viver e a agir? Até quando nossas resistências irão nos impedir de conhecer as coisas maravilhosas que estão apenas à espera de um pouco de humildade? Pense no quanto você tem sido resistente com a sua vida...

Autor desconhecido

O REI E O FALCÃO

Conta a lenda que, certa manhã, o guerreiro mongol Gengis Khan e sua tropa saíram para caçar. Enquanto seus companheiros levavam flechas e arcos, Gengis Khan carregava apenas seu falcão favorito no braço. O animal era melhor e mais preciso que qualquer flecha, porque podia subir ao céu e ver tudo o que o ser humano não conseguia ver.

Entretanto, apesar de todo o entusiasmo, o grupo não conseguiu encontrar nada. Decepcionado, Gengis Khan voltou para o acampamento. Mas, para não descarregar sua frustração em seus companheiros, separou-se da comitiva e resolveu caminhar sozinho.

Gengis Khan permanecera na floresta mais tempo que o esperado e estava extremamente cansado e com muita sede. Por causa do calor do verão, os riachos estavam secos. Ele não conseguia encontrar água para beber, até que avistou um fio de água descendo por um rochedo bem à sua frente. Na mesma hora, retirou o falcão do braço e pegou o pequeno cálice de prata que sempre carregava consigo. Era apenas um fio de água que corria pelo rochedo, por isso ele demorou um longo tempo para ele conseguir encher o cálice. Mas quando estava prestes a levá-lo à boca, o falcão levantou voo e arrancou o copo de sua mãos, atirando-o longe.

Gengis Khan ficou furioso, mas era seu animal favorito, talvez também estivesse com sede. Apanhou o copo, limpou a poeira e tornou a enchê-lo. Após outro tanto de tempo, com a sede apertando cada vez mais e com o cálice já pela metade, o falcão o atacou novamente, derramando o líquido.

Gengis Khan adorava seu animal, mas sabia que não podia deixar-se desrespeitar em nenhuma circunstância, já que alguém podia estar assistindo à cena de longe e mais tarde contaria aos seus guerreiros que o grande conquistador era incapaz de domar uma simples ave.

Desta vez, tirou a espada da cintura, pegou o cálice, recomeçou a enchê-lo. Manteve um olho na fonte e outro no falcão assim que viu ter água suficiente e quando estava pronto para beber, o falcão de novo levantou vôo e veio em sua direção Gengis Khan, em um golpe certeiro, atravessou a espada no peito do falcão, matando-o.

Ele retomou o trabalho de encher o cálice. Mas o fio de água havia secado. Decidido a beber aquela água de qualquer maneira, Gengis Khan escalou o rochedo em busca da fonte. Para sua surpresa, havia realmente uma poça de água e, no meio dela, morta, uma das serpentes mais venenosas da regia-o Se tivesse bebido a água, teria morrido imediatamente.

Gengis Khan voltou ao acampamento trazendo o falcão morto nos braços e dizendo para si mesmo:

- Hoje aprendi uma triste lição! Muitas vezes nos precipitamos em jugar e agir, ferindo assim a quem mais nos ama e chega a dar a sua vida por nós...

Ele mandou fazer uma reprodução em ouro da ave e gravou em uma das asas:

"Mesmo quando um amigo faz algo que você não gosta, ele continua sendo seu amigo."

E, na outra:

"Qualquer ação motivada pela fúria é uma ação

condenada ao fracasso, pois nem sempre

o que parece ser, realmente é!"

Autor desconhecido

Do livro: Valores Humanos - a revolução necessária

Izabel Ribeiro - All Print Editora

O ROUXINOL E A ROSA

Era uma vez, um Rouxinol que vivia em um jardim. No jardim havia uma casa, cuja janela se abria todas as manhãs. Na janela, um jovem, comia pão, olhando as belezas do jardim. Sempre deixava cair farelos de pão, sobre a janela. O Rouxinol, comia os farelos,acreditando que o jovem os deixava de propósito para ele. Assim criou um grande afeto, pelo jovem que se importava em alimentá-lo, mesmo com migalhas.

O jovem um dia se apaixonou. Ao se declarar a sua amada, ela disse que só aceitaria seu amor, se como prova, ele desse a ela, na manhã seguinte, uma Rosa vermelha. O jovem, percorreu todas as floriculturas da cidade, sua busca foi em vão, não encontrou nenhuma Rosa para ofertar a sua amada. Triste, desolado, o jovem foi falar com o jardineiro da casa onde vivia. O jardineiro explicou a ele, que poderia presenteá-la com Petúnias, Violetas, Cravos, menos Rosas. Elas estavam fora de época, era impossível consegui-las, naquela estação.O Rouxinol, que escutara a conversa, ficou penalizado pela desolação do jovem, teria que fazer algo para ajudar seu amigo, a conseguir a flor.

Assim, a ave procurou o Deus dos pássaros que assim falou:

- Na verdade, você pode conseguir uma Rosa Vermelha para teu amigo, mas o sacrifício é grande, e pode custar-lhe a vida!

- Não importa respondeu a ave. O que devo fazer?

- Bem, você terá que se emaranhar em uma roseira, e ali cantar a noite toda, sem parar, o esforço é muito grande, seu peito pode não agüentar.

- Assim farei, respondeu a ave, é para a felicidade de um amigo!

Quando escureceu, o Rouxinol, se emaranhou em meio a uma roseira, que ficava frente a janela do jovem. Ali, se pôs a cantar, seu canto mais alegre, precisava caprichar na formação da flor.Um grande espinho, começou a entrar no peito do Rouxinol, quanto mais ele cantava, mais o espinho entrava em seu peito. O rouxinol não parou, continuou seu canto, pela felicidade de um amigo, um canto que simbolizava gratidão, amizade. Um canto de doação, mesmo que fosse da própria vida!

Do peito da pobre ave, começou a escorrer sangue, que foi se acumulando sobre o galho da roseira, mas ela não se deteve nem se entristeceu.

Pela manhã, ao abrir a janela, o jovem se deteve diante da mais linda Rosa vermelha, formada pelo sangue da ave, nem questionou o milagre, apenas colheu a Rosa.

Ao olhar o corpo inerte da pobre ave, o jovem disse:

- Que ave estúpida! Tendo tantas árvores para cantar, foi se enfiar justamente em meio a roseira que tem espinhos, pelo menos agora dormirei melhor, sem ter que escutar seu canto chato.

Moral da história: Cada um, dá o que tem no coração,

cada um recebe com o coração que tem.....

Adaptação de um conto de Oscar Wilde por Lady Foppa

O SAPO

Um sapo, que muito sofria com o frio, ao tomar conhecimentos de que alguns gansos selvagens iriam migrar para uma região mais quente, pediu que as aves o levassem com elas

- Concordamos em levá-lo. Porém, como você pode ir conosco se não sabe voar? - perguntaram os gansos.

- Não se preocupem, deixem por minha conta. Sou muito esperto, descobrirei uma maneira - respondeu.

- Veja só que maravilha! Que mente privilegiada! Quem será que teve essa brilhante idéia?!

O jovem sapo, orgulhoso com os aplausos do povo, logo abriu a boca e respondeu:

Fui eu! E em poucos segundos estava no chão, pois para responder, precisou soltar a boca da vara.

E os gansos, prosseguiram a viagem,

deixando o sapo para trás.

O URSO FAMINTO

Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo.

Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.

Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.

Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo. Quando terminei de ouvir esta história de um mestre, percebi que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.

Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.

Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos. Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve.

Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder. Solte a panela!

Autor desconhecido

O VEADO DOENTE

Um veado doente repousava quieto em um pequeno pedaço de pasto.

Seus companheiros vieram então em grande número para saber de sua saúde, e cada um deles servia-se a vontade da escassa comida daquele reduzido pasto, que lá estava para seu próprio sustento; assim ele morreu, não da doença, mas por falta de alimento.

Más companhias sempre trazem mais infortúnios

que alegrias.

PORCOS-ESPINHOS

Durante uma era glacial, muito remota, quando o Globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem as condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos.

Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito.......

Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, aprendendo a amar, resistiram a longa era glacial. Sobreviveram.

"Quanto mais nos ocupamos com a felicidade dos outros, maior passa a ser nosso senso de bem-estar.

Cultivar um sentimento de proximidade

e calor humano compassivo pelo outro, automaticamente coloca a nossa mente num estado de paz.

Isto ajuda a remover quaisquer medos, preocupações ou inseguranças que possamos ter, e nos dá muita força para lutar com qualquer obstáculo que encontrarmos. Esta é a causa mais poderosa de sucesso na vida."

Tenzin Gyatso, XIV Dalai Lama Prêmio Nobel da Paz de 1989

QUAL É O ANIMAL?

Com certeza aquela era uma pessoa incomum. Mestre Alivan, como era carinhosamente chamado por seus discípulos, tinha um modo especial de viver. Defendia os fracos e as pessoas simples. De forma elegante combatia os exploradores. Usava sempre a arma da inteligência para vencer a força dos desentendimentos, das discussões, das brigas e lutas.

Ensinava de tal forma que todos podiam tirar proveito dos ensinamentos e em cada situação dividia tudo para que todos ganhassem.

Fez todos aprenderem que só há escassez para quem acredita nela, mas que para quem tem vontade de encontrar a prosperidade, a abundância, elas apresentam-se reais. É só uma questão de determinação.

As pessoas foram descobrindo com ele que as crises aconteciam caso sua forma de pensar assim permitisse.

Com sua chegada e a de seus quatro discípulos à vila de Hallage, a vida daqueles habitantes, pouco mais de uma centena de pessoas pode se transformar. Eles se impregnaram de sabedoria. Cinco missionários do amor e da vontade conseguiram mudar a pequena aldeia.

Um dia seus seguidores reunidos comentavam as qualidades do mestre, e um deles fez uma analogia entre o comportamento dos animais e do homem. Criou-se então a polêmica: qual seria o animal que representaria o grande Alivan?

Jessé, o discípulo mais antigo, logo pensou no rei dos animais, o leão. Já, para Ian, ele era muito fiel e carinhoso e poderia com certeza ser representado pelo cão. Para Tulius, o rinoceronte, por sua força e determinação, seria o animal que retrataria o seu modo de agir. Adanis admirava a agilidade e a elegância do mestre e comparou-o ao tigre.

Desencadeou-se um acalorado debate onde cada um procurava defender e argumentar o porquê de sua opção, de sua escolha e a conversa inicial, de amistosa e informal, tornou-se áspera e rude, coisa incomum entre eles. Nesse momento entrou o amado Alivan. Realmente parecia um rei, fiel e muito carinhoso.

Eram visíveis sua determinação, força, agilidade e elegância.

Jessé então perguntou: "Mestre, qual é o animal que através do seu comportamento, por seu modo de conviver com seu grupo, exerce uma influência especial em sua vida? Qual o animal que poderia representar suas ações do dia-a-dia?"

O grande Alivan sorriu e, olhando carinhosamente nos olhos de cada um deles, respondeu:

- O golfinho.

- Mas por que esse, senhor?

...Para saber a resposta, ler página 113 do livro:

Eu e Deus - Uma verdadeira história de amor -

Autor: Dr. Cid Paroni Filho, distribuído por Lúmen Editorial

UM CACHORRINHO ESPECIAL

Diante de uma vitrine atrativa, um menino pergunta o preço dos filhotes à venda.

"Entre 30 e 50 dólares", respondeu o dono da loja.

O menino puxou uns trocados do bolso e disse:

"Eu só tenho 2,37 dólares, mas eu posso ver os filhotes?"

O dono da loja sorriu e chamou Lady, que veio correndo, seguida de cinco bolinhas de pêlo. Um dos cachorrinhos vinha mais atrás, mancando de forma vísível.

Imediatamente o menino apontou aquele cachorrinho e perguntou:

"O que é que há com ele?"

O dono da loja explicou que o veterinário tinha examinado e descoberto que ele tinha um problema na junta do quadril, sempre mancaria e andaria devagar.

O menino se animou e disse:

"Esse é o cachorrinho que eu quero comprar!"

O dono da loja respondeu:

"Não, você não vai querer comprar esse. Se você realmente quiser ficar com ele, eu lhe dou de presente."

O menino ficou transtornado e, olhando bem na cara do dono da loja, com o seu dedo apontado, disse:

"Eu não quero que você o dê para mim. Aquele cachorrinho vale tanto quanto qualquer um dos outros e eu vou pagar tudo. Na verdade, eu lhe dou 2,37 dólares agora e 50 centavos por mês, até completar o preço total."

O dono da loja contestou:

"Você não pode querer realmente comprar este cachorrinho. Ele nunca vai poder correr, pular e brincar com você e com os outros cachorrinhos."

Aí, o menino abaixou e puxou a perna esquerda da calça para cima, mostrando a sua perna com um aparelho

para andar.

Olhou bem para o dono da loja e respondeu:

"Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que entenda isso."

Enviada por: Virgílio Vilela -

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O GATO VAIDOSO

Moravam na mesma casa dois gatos iguaiszinhos no pelo, nas desiguais na sorte. Um, mimado pela dona, dormia em almofadas. O outro, no borralho. Um passava a leite e comia no colo. O outro, por feliz se dava com as espinhas de peixe do lixo. Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:

- Passa ao largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa ao largo.

- Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te de que somos irmãos, criados no mesmo ninho.

- Sou nobre. Sou mais que tu!

- Em que? Não mias como eu?

- Mio.

- Não tens rabo como eu?

- Tenho.

- Não caças rato como eu?

- Caço.

- Não comes rato como eu?

- Como.

- Logo, não passas dum simples gato igual a mim? Abaixa, pois a crista desse orgulho e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens - o que tens é apenas um bocado mais de sorte.

Monteiro Lobato

A GALINHA RUIVA

Um dia uma galinha ruiva encontrou um grão de trigo.

- Quem me ajuda a plantar este trigo? - perguntou aos seus amigos.

- Eu não - disse o cão. Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru.

- Então eu planto sozinha - disse a galinha. Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez.

Logo o trigo começou a brotar e as folhinhas, bem verdinhas, a despontar. O sol brilhou, a chuva caiu e o trigo cresceu e cresceu, até ficar bem alto e maduro. Quem me ajuda a colher o trigo? - perguntou a galinha aos seus amigos.

- Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu colho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez.

- Quem me ajuda a debulhar o trigo? - perguntou a galinha aos seus amigos.

- Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu debulho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez.

- Quem me ajuda a levar o trigo ao moinho? - perguntou a galinha aos seus amigos. - Eu não - disse o cão. - Eu não - disse o gato. - Eu não - disse o porquinho. - Eu não - disse o peru. - Então eu levo sozinha - disse a galinha. - Cocoricó! E foi isso mesmo que ela fez.

Quando, mais tarde, voltou com a farinha, perguntou: Quem me ajuda a assar essa farinha? - Eu não, disse o cão. - Eu não, disse o gato. - Eu não, disse o porquinho. - Eu não, disse o peru. - Então eu asso sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!

A galinha ruiva assou a farinha e com ela fez um lindo pão. - Quem quer comer esse pão? - perguntou a galinha. - Eu quero - disse o cão. - Eu quero - disse o gato. - Eu quero - disse o porquinho. - Eu quero - disse o peru.

- Isso é que não! Sou eu quem vai comer esse pão! - disse a galinha. - Cocoricó.

E foi isso mesmo que ela fez.

A ÁGUIA E A SETA

Uma águia pousada num penhasco olhava com muita atenção para todos os lados procurando uma presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e em busca de caça, viu a águia lá em cima e lançou uma seta. A haste da seta penetrou no peito da águia e atravessou seu coração. Pouco antes de morrer, a águia fixou os olhos na seta:

- Ah, sorte ingrata! - exclamou. - Morrer desse jeito... Mas o mais triste é ver que a seta que me mata tem penas de águia!

Moral: as desgraças para as quais

nós mesmos contribuímos são duplamente amargas.

A GRALHA VAIDOSA

Júpiter deu a notícia de que pretendia escolher um rei para os pássaros e marcou uma data para que todos eles comparecessem diante de seu trono. O mais bonito seria declarado rei.

Querendo arrumar-se o melhor possível, os pássaro foram tomar banho e alisar as penas às margens de um arroio. A gralha também estava lá no meio dos outros, só que tinha certeza de que nunca ia ser a escolhida, porque suas penas eram muito feias.

"Vamos ter que dar um jeito", pensou ela.

Depois que os outros pássaros foram embora, muitas penas ficaram caídas pelo chão; a gralha recolheu as mais bonitas e prendeu em volta do corpo. O resultado foi deslumbrante: nenhum pássaro era mais vistoso que ela. Quando o dia marcado chegou, os pássaros se reuniram diante do trono de Júpiter; Júpiter examinou todo mundo e escolheu a gralha par rei. Já ia fazer a declaração oficial quando todos os outros pássaros avançaram para o futuro rei e arrancaram suas penas falsa uma a uma, mostrando a gralha exatamente como ela era.

Moral: Belas penas não fazem belos pássaros

A OVELHA NEGRA

Era uma vez uma ovelhinha diferente das suas irmãs de rebanho: era negra. Por isso, era desprezada e sofria todo tipo de maus tratos. As outras lhe davam mordidas, patadas; procuravam colocá-la em último lugar no rebanho. Quando estavam num prado pastando, o rebanho inteiro tentava não deixar que a ovelhinha negra provasse uma ervazinha sequer. Dessa forma, sua existência era horrível.

Farta de tanto desprezo, a ovelhinha negra afastou-se do rebanho. Durante muito tempo vagou sem rumo pelo bosque. Quando anoiteceu, exausta, a ovelhinha deitou-se, sem perceber, em um monte de farinha, onde dormiu.

Ao raiar o dia, acordou e viu, cheia de surpresa, que se havia transformado em uma ovelha muito branca, imaculada. Voltou então ao seu rebanho, onde foi muito bem recebida e proclamada rainha, pela sua bela aparência.

Naquela ocasião, estava sendo anunciada a visita do príncipe dos cordeiros, que vinha em busca de uma esposa.

O príncipe foi recebido no rebanho com grandes honras. Enquanto ele observava as ovelhas que formavam o rebanho, desabou uma violenta tempestade. A chuva dissolveu a farinha que cobria o pêlo negro de nossa ovelhinha, e ela recuperou sua cor natural.

Quando a viu, o príncipe resolveu que seria a escolhida. As outras ovelhas perguntaram por quê.

- É diferente das outras. E isso, para mim, é suficiente.

Assim, a ovelhinha negra tornou-se princesa e teve, finalmente, o destino justo que merecia

A RAPOSA E A MÁSCARA

Um dia uma raposa entrou na casa de um ator e encontrou uma linda máscara no meio de uma pilha de objetos usados no teatro. Encostando a pata na máscara, disse:

- Que belo rosto temos aqui! Pena que não tenha cérebro.

Moral: Uma bela aparência não substitui o valor do espírito.

A RAPOSA E O LEÃO

Uma raposa muito jovem, que nunca tinha visto um leão, estava andando pela floresta e deu de cara com um deles. Ela não precisou olhar muito para sair correndo desesperada na direção do primeiro esconderijo que encontrou. Quando viu o leão pela segunda vez, a raposa ficou atrás de uma árvore a fim de poder olhar para ele antes de fugir. Mas na terceira vez a raposa foi direto até o leão e começou a dar tapinhas nas costas dele, dizendo:

- Oi, gatão! Tudo bem aí?

Moral: Da familiaridade nasce o abuso.

A ROSA E A BORBOLETA

Uma vez uma borboleta se apaixonou por uma linda rosa. A rosa ficou comovida, pois o pó das asas da borboleta formava um maravilhoso desenho em ouro e prata. Assim, quando a borboleta se aproximou voando da rosa e disse que a amava, a rosa ficou coradinha e aceitou o namoro. Depois de um longo noivado e muitas promessas de fidelidade, a borboleta deixou sua amada rosa. Mas ó desgraça! A borboleta só voltou muito tempo depois.

- É isso que você chama fidelidade? - choramingou a rosa. - Faz séculos que você partiu, e além disso você passa o tempo de namoro com todos os tipos de flores. Vi quando você beijou dona Gerânio, vi quando você deu voltinhas na dona Margarida até que dona Abelha chegou e expulsou você... Pena que ela não lhe deu uma boa ferroada!

- Fidelidade!? - riu a borboleta. - Assim que me afastei, vi o senhor Vento beijando você. Depois você deu o maior escândalo com o senhor Zangão e ficou dando trela para todo besourinho que passava por aqui. E ainda vem me falar em fidelidade!

Moral: Não espere fidelidade dos outros

se não for fiel também.

AS LEBRES, AS RAPOSAS E AS ÁGUIAS

Uma vez as lebres se meteram numa guerra longa e feroz com as águias e viram que não iam conseguir vencer suas inimigas se não conseguissem ajuda. Diante disso, foram conversar com as raposas para ver se queriam fazer uma aliança com elas contra as águias. As lebres ficaram felizes quando as raposas responderam educadamente que gostariam muito de ajudá-las em tudo que fosse possível. Só que a alegria das lebres durou pouco, pois as raposas continuaram dizendo, com igual sinceridade, que também eram muito amigas das águias.

Moral: Só é possível uma sociedade quando os dois parceiros estão unidos em torno de uma mesma causa.

O BURRO E SEU CONDUTOR

Um burro que estava sendo conduzido por uma estrada conseguiu se soltar de seu condutor e saiu correndo o mais depressa que pôde, na direção de um precipício. Já ia caindo quando seu condutor chegou correndo e conseguiu segurar seu rabo. Começou a puxar o burro pelo rabo com toda a força, tentando levar o animal para um lugar seguro. O burro, porém, aborrecido com a interferência, fazia força na direção oposta, e o homem acabou sendo obrigado a largá-lo.

- Bom, Jack - disse o condutor -, se você quer dar as ordens, não posso impedi-lo.

Moral: Os animais teimosos devem seguir seus caminhos.

O BURRO QUE VESTIU A PELE

DE UM LEÃO

Um burro encontrou uma pele de leão que um caçador tinha deixado largada na floresta. Na mesma hora o burro vestiu a pele e inventou a brincadeira de se esconder numa moita e pular fora sempre que passasse algum animal. Todos fugiam correndo assim que o burro aparecia. O burro estava gostando tanto de ver a bicharada fugir dele correndo que começou a se sentir o rei leão em pessoa e não conseguiu segurar um belo zurro de satisfação. Ouvindo aquilo, uma raposa que ia fugindo com os outros parou, virou-se e se aproximou do burro rindo:

- Se você tivesse ficado quieto, talvez eu também tivesse levado um susto. Mas aquele zurro bobo estragou sua brincadeira!

Moral: Um tolo pode enganar os outros

com o traje e a aparência, mas suas palavras logo irão mostrar quem ele é de fato.

O CACHORRO NA MANJEDOURA

Um cachorro estava dormindo em uma manjedoura cheia de feno. Quando os bois chegaram, cansados e com fome depois de um dia inteiro de trabalho no campo, o cachorro acordou. Acordou, mas não queria deixar que os bois se aproximassem da manjedoura e começou a rosnar e tentar morder seus focinhos, como se a manjedoura estivesse cheia de carne e ossos e essas delícias fossem só dele. Os bois olharam para o cachorro muito aborrecidos.

- Que egoísta! - disse um deles. - Ele nem gosta de comer feno! E nós, que comemos, e que estamos com tanta fome, ele não nos deixa chegar perto!

Nisso apareceu o fazendeiro. Ao ver o que o cachorro estava fazendo, pegou um pau e enxotou o cachorro do estábulo a pauladas por ser tão malcriado.

Moral: Não prive os outros de que não pode desfrutar.

O CANGURU MARINHEIRO

O canguru gostava do mar, coisa estranha nos da sua espécie. Então, engajou-se em um navio e fez-se ao mar.

A vida a bordo era monótona. Mas um dia o cozinheiro do navio ficou doente. O capitão, sem demora, chamou o canguru, pedindo-lhe que assumisse a cozinha, pois já tinha ouvido falar da sua habilidade para preparar pratos deliciosos. Ninguém a bordo sentiu falta do cozinheiro. Muito pelo contrário: lambiam os dedos com os cozidos que o canguru preparava.

Certa tarde, o canguru viu um golfinho que parecia querer dizer-lhe alguma coisa, enquanto nadava muito perto do barco. Compreendeu que ele estava pedindo alimento para um filhote de baleia que estava doente e quase morrendo de fome. O filhote só gostava de doces de ovos, coisa estranha para uma criatura do mar.

Então o canguru, mesmo sabendo que seria repreendido por isso, deu ao golfinho uma boa quantidade de doce de ovos. O filhote salvou-se, mas quando o capitão soube do ocorrido, mandou prender o canguru por um mês no porão do navio.

Alguns dias mais tarde, o navio encalhou perto da costa de Malabar. Todos os esforços para libertá-lo foram em vão. A tripulação corria sério risco, pois naquele local a ondulação era muito forte.

Quando percebeu o que havia acontecido ao barco de seu amigo canguru, o golfinho pediu à mãe da baleiazinha que libertasse o navio. Mamãe baleia, com sua força, conseguiu liberar a embarcação que logo voltava para águas mais profundas.

O capitão, assim que soube do acontecido e da

gratidão da mamãe baleia para com o canguru,

mandou libertá-lo e concedeu-lhe

a Medalha de Mérito Naval. Assim,

a bondade do canguru navegador foi recompensada.

O CANGURU QUE SALTAVA PARA TRÁS

Num país muito longínquo, nasceu um dia um canguruzinho que tinha uma qualidade muito curiosa. Saltava para trás, ao contrário de todos os outros animais de sua espécie. Isso fazia dele alvo da zombaria dos outros.

O canguruzinho, que era muito sensível, sofria muito e todas as noites chorava desconsolado, sem que ninguém visse. Um dia, o môcho, sábio e compreensivo, aproximou-se dele, dizendo:

- De nada adianta ficar chorando pelos cantos. Se você se esforçar e treinar um pouco será capaz de saltar para frente como os outros cangurus. É uma questão de perseverança.

O canguruzinho compreendeu que o macho tinha razão. Nessa mesma noite, começou a praticar no seu cantinho. Progredia rapidamente e, num belo dia, no meio da admiração geral, o canguruzinho deu uma autêntica exibição de saltos para a frente.

Satisfeito e orgulhoso,

o canguruzinho passou a considerar-se igual aos demais. Mas, na realidade, ele era mais capaz que os outros,

porque era o único que sabia também saltar para trás

O CARACOL INVEJOSO

O caracolzinho sentia-se muito infeliz. Via que quase todos os animais eram mais ágeis do que ele. Uns brincavam, outros saltavam. E ele aborrecia-se debaixo do peso de sua carapaça!

- Vê-se que meu destino é ir devagarinho, sofrendo todos os males! dizia ele, bastante frustrado.

Seus amigos e familiares tentavam consolá-lo, mas nada conseguiam.

- Caracolino, pense que, se a Natureza lhe deu essa carapaça, para alguma coisa foi, disse-lhe a tartaruga, que se encontrava em situação semelhante à dele.

- Sim, claro, para alguma coisa será! Pode explicar-me a razão? perguntava Caracolino, ainda mais chateado por receber tantos conselhos.

Caracolino tornou-se tão insuportável por suas reclamações, que todos o abandonaram. E ele continuava com sua carapaça às costas, cada vez mais pesada para o seu gosto.

Um dia, desabou uma tempestade. Choveu durante muitos dias. Parecia um dilúvio! As águas subiram, inundando tudo. Muitos dos animaizinhos que ele invejara, encontravam-se agora em grandes dificuldades. Caracolino, porém, encontrou um refúgio seguro. Dentro de sua carapaça estava totalmente protegido!

Desde então, compreendeu a utilidade de sua

lenta e pesada carapaça. Deixou de protestar, tornando-se um animalzinho simpático e querido por todos.

O CASTOR DESPORTISTA

O castorzinho tornou-se um grande comilão. Por mais que a sua mãe esconda os alimentos e as guloseimas, ele procura e remexe todos os armários até encontrar o quitute que procura.

- Mamãe, quer que eu morra de fome? Lamenta-se o castorzinho, enquanto fareja dissimuladamente a geladeira.

- Você acabou de fazer seu lanche e já está pensando em comer? E ainda por cima, acusa-me de deixá-lo morrer de fome! É o cúmulo! Exclama ela, contrariada.

- Ora, mamãe, eu só quero um pedacinho de bolo! Pede ele com doçura.

- Está bem, está bem! Desde que me deixe trabalhar em paz! Rende-se a mãe já farta de tanta comédia.

O castorzinho vive comendo. O seu estômago parece um baú sem fundo. Por mais que seu dono lhe dê comida, nunca é suficiente. Dessa forma, o castorzinho começa a engordar... Como é vaidoso, olha-se diariamente no espelho. Começa a ficar preocupado com as papadas que aparecem debaixo do focinho e com aqueles "pneus" ao redor da cintura.

Seu amigo coelhinho cruza com ele na rua e assusta-se com o seu aspecto.

- Puxa, castorzinho! Você parece uma baleia! Minha mãe, que gordo!

- Bom, não acho que seja tanto! Protesta o castorzinho vermelho de vergonha, por ver que nesse instante vão passando algumas garotas, que olham para ele.

- Em um mês, ponho você em forma, castorzinho! Promete o coelhinho. A ginástica é a melhor coisa para esses casos.

- Ah, é? Interessa-se o castorzinho, que, arrependido de sua gulodice, aceita imediatamente a proposta do amigo.

A partir desse dia, começa o intenso treinamento. Caminhadas, ciclismo, ginástica sueca e outros feitos heróicos. Mas o exercício desperta-lhe uma fome atroz. Em vez de perder peso, ele continua engordando, engordando...

Depois de muito pensar, o castorzinho compreende

que fazer ginástica é muito bom. Mas ainda melhor

é comer somente a quantidade necessária... E nada mais!

O CAVALO DESCONTENTE

Sempre podemos encontrar motivos para nos sentirmos descontentes, se quisermos. Podemos, também, encontrar argumentos para nos considerarmos afortunados por estarmos vivos. Tudo depende da maneira como cada um vê a existência.

Era uma vez um cavalo que, em pleno inverno, desejava o regresso da primavera. De fato, ainda que agora descansasse tranqüilamente no estábulo, via-se obrigado a comer palha seca.

- Ah, como sinto saudades de comer a erva fresca que nasce na primavera! dizia o pobre animal.

A primavera chegou e o cavalo teve sua erva fresca, mas começou a trabalhar bastante porque era época da colheita.

- Quando chegará o verão? Já estou farto de passar o dia inteiro puxando o arado! lamentava-se o cavalo.

Chegou o verão, mas o trabalho aumentou e o calor tornou-se muito forte.

- Oh, o outono! Estou ansioso pela chegada do outono! dizia mais uma vez o cavalo, convencido de que naquela estação terminariam seus males.

Mas no outono teve que carregar lenha para que seu dono estivesse preparado para enfrentar o inverno. E o cavalo não parava de queixar-se e de sofrer.

Quando o inverno chegou novamente, e o cavalo pode finalmente descansar, compreendeu que tinha sido fantasioso tentar fugir do momento presente e refugiar-se na quimera do futuro. Esta não é a melhor forma de encarar a realidade da vida e do trabalho.

É melhor descobrir o que a vida tem de bom momento a momento, vivendo o presente da melhor forma possível

O COALA SUJO

Tudo é uma questão de costume, mas tomar banho era algo superior às forças daquele coala. A água e o sabão aterrorizavam-no e ninguém conseguia convencê-lo da necessidade de andar por aí limpo. Era tanta a sujeira, que em casa e na escola, todos o evitavam, com um gesto de nojo. Na verdade, o coala tinha um cheiro muito desagradável.

Desiludido, o pequeno coala subia às árvores mais altas, desejoso de encontrar um cantinho tranqüilo. Mas nem assim! De vez em quando, encontrava algum pássaro muito asseado que, horrorizado, o expulsava de seus domínios a bicadas.

A vida tornou-se insuportável para o coala. Até que finalmente, ele resolveu enfrentar o problema.

- Vejamos, disse para si mesmo. Não seria preferível passar um mal bocado todas as manhãs e depois poder usufruir de uma vida normal durante todo o resto do dia, em vez de continuar nessas tristes condições o dia inteiro?

Assim pensando, o coala chegou à conclusão correta. Enchendo-se de coragem entrou numa banheira bem cheia de água e sabão. Bem limpo e perfumado, o coala surpreendeu agradavelmente a toda gente. Os parentes, amigos e colegas receberam-no na comunidade de braços abertos.

Ao fim de algumas semanas, o coala até já achava agradável tomar seu banho. Quando o sapato aperta, amigo, o jeito é encolher os dedos.

O GAROTO DO "OLHA O LOBO"

Um pastorzinho que cuidava de seu rebanho perto de um povoado gostava de se distrair de vez em quando gritando:

Olha o lobo! Socorro! Olha o lobo!

Deu certo umas duas ou três vezes. Todos os habitantes do povoado vinham correndo ajudar o pastorzinho e só encontravam risadas diante de tanto esforço. Um dia apareceu um lobo em carne e osso. O menino gritou desesperado, mas os vizinhos achavam que era só brincadeira e nem prestaram atenção. O lobo pôde devorar todas as ovelhas sem ser perturbado.

Moral: Os mentirosos podem falar a verdade

que ninguém acredita

O GATO E O GALO

Um dia um gato caçou um galo e resolveu transformá-lo em almoço. Só que antes queria achar uma boa desculpa para matar o outro. Primeiro, explicou ao galo que ele era um verdadeiro transtorno para os homens com aquela história de cantar no meio da noite e não deixar as pessoas dormirem.

- Nada disso - disse o galo. - Eu canto para ajudar os homens!

E disse que na verdade fazia um favor aos homens porque servia de despertador e avisava a hora de começar o trabalho do dia.

- Que enorme besteira! - disse o gato. - Você acha que vou desistir do meu almoço só por causa de uma conversa dessas?

E devorou o galo.

Moral: O disfarce da justiça não impede uma

natureza cruel de praticar suas maldades.

O GATO, O GALO E O RATINHO

Um ratinho vivia num buraco com sua mãe, depois de sair sozinho pela primeira vez, contou a ela:

- Mãe, você não imagina os bichos estranhos que encontrei!

Um era bonito e delicado, tinha um pêlo muito macio e um rabo elegante, um rabo que se movia formando ondas.

O outro era um monstro horrível! No alto da cabeça e debaixo do queixo ele tinha pedaços de carne crua, que balançavam quando ele andava. De repente os lados do corpo dele se sacudiram e ele deu um grito apavorante. Fiquei com tanto medo que fugi correndo, bem na hora que ia conversar um pouco com o simpático.

- Ah, meu filho! - respondeu a mãe. - Esse seu monstro era uma ave inofensiva; o outro era um gato feroz, que num segundo teria te devorado.

Moral: Jamais confie nas aparências.

O HOMEM, SEU FILHO E O BURRO

Um homem ia com o filho levar um burro para vender no mercado.

- O que você tem na cabeça para levar um burro estrada afora sem nada no lombo enquanto você se cansa? - disse um homem que passou por eles.

Ouvindo aquilo, o homem montou o filho no burro, e os três continuaram seu caminho.

- Ô rapazinho preguiçoso, que vergonha deixar o seu pobre pai, um velho andar a pé enquanto vai montado! - disse outro homem com quem cruzaram.

O homem tirou o filho de cima do burro e montou ele mesmo. Passaram duas mulheres e uma disse para a outra:

- Olhe só que sujeito egoísta! Vai no burro e o filhinho a pé, coitado...

Ouvindo aquilo, o homem fez o menino montar no burro na frente dele. O primeiro viajante que apareceu na estrada perguntou ao homem:

- Esse burro é seu?

O homem disse que sim. O outro continuou:

- Pois não parece, pelo jeito como o senhor trata o bicho. Ora, o senhor é que devia carregar o burro em lugar de fazer com que ele carregasse duas pessoas.

Na mesma hora o homem amarrou as pernas do burro num pau, e lá se foram pai e filho aos tropeções carregando o animal para o mercado. Quando chegaram, todo mundo riu tanto que o homem, enfurecido, jogou o burro no rio, pegou o filho pelo braço e voltou para casa.

Moral: Quem quer agradar todo mundo no

fim não agrada ninguém.

O LEOPARDO E A RAPOSA

Uma raposa e um leopardo estavam deitados descansando depois de um laudo jantar e se distraíam falando da própria beleza. O leopardo tinha muito orgulho de sua pele lustrosa e toda pintada, e dizia à raposa que ela era completamente sem graça. A raposa se orgulhava da bela cauda estufada com a pontinha branca, mas tinha o bom senso de reconhecer que não chegava aos pés do leopardo em matéria de aparência. Mesmo assim, continuou com suas brincadeiras, fazendo troça do outro só pelo prazer da discussão e para não perder a prática. O leopardo já estava quase perdendo a paciência quando a raposa levantou bocejando e disse:

- Você pode ter um pêlo muito requintado, mas estaria mais bem servido se tivesse um pouquinho mais de requinte dentro da cabeça e menos ao redor das costelas, como eu. Para mim, beleza de verdade é isso.

Moral: Nem sempre bela embalagem anuncia belo recheio.

O OURIÇO E O JOGO DA CABRA-CEGA

Todos nós temos as nossas limitações, querido leitor, e o ouriço também tinha a sua. Você já pode imaginar qual era: aqueles terríveis espinhos, capazes de ferir qualquer um.

Bem, aconteceu que o jogo da Cabra-cega havia virado mania entre os alunos. Todos queriam brincar durante o recreio.

Pois certa vez em que estavam brincando, o castorzinho, que tinha os olhos vendados, teve o azar de tocar no ouriço e levou umas tremendas picadas de seus espinhos. Da pata do castorzinho corria muito sangue e o ouriço sentiu-se muito culpado.

- Já se vê que não posso participar da brincadeira! Disse, muito aborrecido.

Seus colegas não conseguiam consolá-lo e ele ficou fora. O jogo continuava. Agora era a vez do crocodilo Ter seus olhos vendados e ele, trapalhão como sempre, pisou num pedaço de vidro e fez um corte na pata esquerda. O pior é que ainda havia numerosos cacos de vidro encravados em sua pata.

Por mais que todos procurassem uma pinça para tentar retirá-los, não conseguiram encontrar. Foi então que o ouriço num momento de inspiração, arrancou dois espinhos e com eles fez uma ótima pinça.

Então, o crocodilo sugeriu que brincassem de

outra coisa, porque fazia questão de que seu "médico"

também participasse. Todos concordaram em inventar

uma brincadeira em que o ouriço pudesse

participar também. Bem que ele merecia.

O PESCADOR FLAUTISTA

Um pescador que gostava mais de música que das redes começou a tocar flauta quando viu peixes no mar. Achava que ouvindo aquilo os peixes iam pular para a praia. Vendo que eles continuavam dentro da água, o pescador pegou uma rede e apanhou um belo cardume, que arrastou para terra.

Quando viu os peixes pulando e batendo a cauda na areia ele sorriu e disse:

- Como vocês não quiseram dançar ao som da minha flauta, também não vou permitir que dancem agora!

Moral: Fazer a coisa certa na hora certa é uma grande arte.

O URSINHO DESAVERGONHADO

O ursinho sempre se gabava de sua inteligência e senso de oportunidade. Nunca se esforçava para nada, mas a verdade é que vivia com muita facilidade. Tudo parecia cair do céu em suas mãos. Malicioso e sem vergonha, divertia-se fazendo inveja a seus amigos e vizinhos.

- Quando vejo vocês suando para se alimentar e vestir, tenho vontade de rir. Não posso evitar! Como é simples viver! Você precisa comer? Então, estique a sua pata e pegue a coisa mais apetitosa que encontrar. E assim deve ser com tudo.

Sempre à procura de novas facilidades, o ursinho descobriu com sua boa sorte, uma bela colméia repleta de mel. Centenas de lindas abelhas trabalhavam incansavelmente para fabricar esse manjar. Mas o ursinho nem pensou nisso. Sem nenhum peso na consciência, muito feliz consigo mesmo por ser tão esperto, aproveitava cada descuido das abelhas para se banquetear.

- Ah! Ah! Ah! Que idiotas são estas abelhas! Fartam-se de trabalhar para depois deixarem seu mel seja roubado! Hum! Como está delicioso! Exclamava o glutão entre uma lambida e outra.

As abelhas, admiradas a princípio, vendo o mel desaparecer como que por encanto, decidiram vigiar a colméia. Não tardaram a descobrir o travesso ursinho, dando o golpe de costume. Então, elas combinaram de lhe dar uma lição. Na manhã seguinte, escondidas, esperaram pela chegada do ursinho.

Pensando que a colméia estava novamente deserta, o ursinho atirou-se sobre ela, pronto para colher o saboroso mel. De repente, todas as abelhas se atiraram sobre ele ao mesmo tempo, furiosas. Deram-lhe tantas ferroadas que ele, cheio de calombos e negro pelo inchaço saiu aos berros correndo através do bosque.

A lição deu bons resultados. O ursinho nunca mais voltou

a apoderar-se dos bens alheios.

OS BURROS ESPERTOS

Dizem que os burros são tolos. Mas não devemos acreditar totalmente nisso. Essa história nos mostra que nem sempre é assim.

Um lavrador tinha dois burros. Para que não fugissem, resolveu amarrá-los em uma só corda, cada um em uma extremidade. Depois de algum tempo, os dois começaram a sentir fome. A comida estava perto. Grandes montes de feno estavam ao alcance de sua visão. Os dois tentaram chegar até eles. A corda era muito curta e, puxando cada qual para o seu lado, nenhum dos dois conseguia alcançar o seu monte de feno. Então compreenderam que o melhor era sentar e dialogar. Talvez juntos conseguissem encontrar uma solução.

Assim o fizeram. Durante um bom tempo, estiveram a dar voltas ao assunto, sem conseguir encontrar um jeito de chegar ao feno. Por fim, disse um deles:

- Vamos ver! Nós dois estamos com fome. A corda que nos une é muito curta e não podemos ir cada um para o seu lado. Por que não vamos juntos para o primeiro monte de feno? Assim, ambos poderíamos comer dele e depois provar o segundo. Dessa forma, comeríamos a quantidade habitual.

- Boa idéia! admitiu seu companheiro.

Pondo em prática a sugestão, banquetearam-se ambos, apesar da corda com que haviam sido amarrados. Mostraram, dessa forma, que os burros não são tão burros quanto parecem.

OS MENINOS E AS RÃS

Uns meninos capetas estavam brincando na beira de um lago quando viram algumas rãs nadando no raso. Para se divertir, começaram a jogar pedras nas rãs e mataram uma porção. Cansada daquela história, uma das rãs pôs a cabeça para fora da água e disse:

- Chega, chega! Por favor! O que para vocês é distração, para nós é a morte!

Moral: nossos prazeres não devem prejudicar os outros.

OS RATINHOS DESOBEDIENTES

O ratinho e a ratinha eram dois irmãos que viviam com sua mãe numa toca, em uma fazenda. Ali estavam quentes e resguardados, a salvo das inclemências do tempo. Sua mamãe dava-lhes todo alimento de que necessitavam e não tinham nada com que se preocupar.

Nenhum dos dois gostava quando a sua mãezinha os mandava dormir, e obedeciam sempre contrariados. Numa bela noite, saíram à procura de seus amigos; as estrelas brilhavam no céu e era muito agradável estar ao ar livre!

Por mais voltas que dessem, não encontraram nenhum de seus amigos; esses, é claro, dormiam um soninho descansado.

Continuaram andando, andando, até perceber que se tinham afastado muito de sua casa; não conheciam a paisagem que os rodeava. Sentiram medo porque o vento começou a uivar e a escuridão tornava-se ameaçadora.

Abraçaram-se um ao outro, e, de repente, ouviram um ruído. Estremeceram espantados. Seria um gato? O tempo parecia ter parado e o responsável pelos ruídos aproximava-se pouco a pouco. Começaram a bater os dentes de medo, incapazes de fazer qualquer movimento. Sentiam que tinha chegado a sua última hora, já que certamente se tratava do seu mais aguerrido inimigo: o gato.

Mas, afinal, tudo acabou bem. A mãe saíra à procura

deles e tinha sido ela quem havia feito o barulho.

Os dois ratinhos regressaram a casa muito contentes. Haviam passado um mau bocado e não voltariam

a repetir a façanha. Não há nada como a nossa casa.

Não acha que tenho razão, amiguinho?

OS VIAJANTES E O URSO

Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar as orelhas do homem, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:

- O que o urso estava cochichando em seu ouvido?

- Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.

Moral: a desgraça põe à prova a sinceridade da amizade.

VÊNUS E A GATA

Uma gata se apaixonou por um rapaz e pediu por favor a Vênus que fizesse com que ela virasse moça, pois achava que assim podia conquistar o rapaz.

A paixão era tanta que a deusa ficou com pena e transformou a gata numa linda garota.

O rapaz se apaixonou por ela no mesmo instante e pouco depois os dois se casaram.

Um dia Vênus resolveu verificar se a gata tinha mudado por fora e mandou um rato passear pelo quarto onde estava o casal.

A garota, completamente esquecida de quem era, correu atrás do rato para agarrar o bicho. Parecia que estava querendo comer o rato na mesma hora.

A deusa, vendo aquilo, ficou tão chateada que imediatamente transformou a moça de novo em gata.

Moral: A aparência pode ser mudada, mas a natureza não.

ANIMAIS CITADOS

PELOS FABULISTAS

ANIMAIS NÚMERO

DE VEZES

RAPOSA 29

LEÃO 25

LOBO 22

BURRO 19

RATO 14

CÃO 14

ÁGUIA 12

GALO 12

GATO 12

RÃ 12

CAVALO 11

CABRA 10

MOSCAS 9

OVELHA 9

ASNO 9

VEADO 8

URSO 7

DONINHA 7

FORMIGA 7

PEIXE 7

PORCO 7

LEBRE 7

GRALHA 6

PÁSSAROS 6

BOI 5

CARNEIRO 5

CEGONHA 5

COBRA 5

FALCÃO 5

CORVO 5

POMBA 5

BORBOLETA 5

BUGIO 4

CERVO 4

COELHO 4

CORDEIRO 4

OURIÇO 4

PAVÃO 4

ROUXINOL 4

TOUROS 4

AVES 4

ABELHAS 4

BEZERRO 4

CANGURU 3

TARTARUGA 3

OSTRA 3

ANDORINHA 2

ARANHA 2

BICHA 2

BUITRE 2

CAMELO 2

CAMUNDONGO 2

CARACOL 2

CARNICEIRO 2

CASTOR 2

CIGARRA 2

CISNE 2

COALA 2

COREIXA 2

CORUJA 2

ELEFANTE 2

GALGO 2

GARÇA 2

GOLFINHO 2

JAVALI 2

JUMENTO 2

LAGARTINHA 2

LEOPARDO 2

MACACO 2

MARIPOSA 2

PARDAL 2

PERDIZ 2

PULGA 2

SAPO 2

ZANGÕES 2

SERPENTE 2

VAGALUME 2

BODE 1

MORCEGO 1

NOVILHA 1